Identificado outro seqüestrador de Olivetto

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Por Agencia Estado
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A polícia chilena identificou mais um compatriota preso pelo seqüestro do publicitário Washington Olivetto. É Marcos Rodrigues Ortega, militante da Frente Patriótica Manuel Rodrigues-Autônoma (FPMR-A). Ortega havia sido preso usando uma identidade argentina em nome de Carlos Renato Quiroz, de 28 anos. A mãe de Ortega era militante do Movimento Esquerda Revolucionária (MIR). A Divisão Anti-Seqüestro (Deas), porém, não havia recebido nesta quinta-feira a documentação internacional confirmando a identidade de Ortega. Por enquanto, a polícia brasileira tem oficialmente identificados os chilenos Mauricio Hernández Norambuena, o Comandante Ramiro ou Ferdinando, e Alfredo Augusto Cordobez Moreno, o Canalles. O primeiro liderou o grupo que seqüestrou Olivetto e é o segundo homem na hierarquia da FPMR-A. Moreno foi militante do MIR-Militar, dissidência à esquerda do MIR, e era o segundo na hierarquia do grupo de seqüestradores. Foi acusado de roubo a bancos e a carros-fortes no Chile, na década de 1990. Segundo a polícia chilena, essa é a primeira vez que militantes do MIR-Militar e da FPMR-A fazem uma ação conjunta. Outra pista investigada é a relação entre o seqüestro de Olivetto e o do empresário Abílio Diniz. Cinco membros do MIR foram presos em 1989 sob a acusação de participar do crime - outros cinco foram detidos. Uma brasileira foragida na época e identificada como Maria Ivone foi reconhecida por duas testemunhas do caso Olivetto. Além de Ortega, a polícia chilena desconfia que outra participante do seqüestro tenha nacionalidade chilena ou colombiana: a mulher que se apresentou como argentina e disse que se chamava Maite Amalia Bellon, de 23 anos. Os policiais chilenos apuram a possibilidade de Maite ser a chilena Alejandra Mezza ou a colombiana Marta Uroga. Com relação aos outros dois seqüestradores presos na chácara em Serra Negra, no interior de São Paulo, a polícia sabe que Rosa Amalia Ramos Quiroz é uma argentina que tem nacionalidade espanhola. O homem que se apresenta como Frederico Antonio Aribas se diz colombiano. A polícia brasileira considera muito provável que outros dois frentistas, como são conhecidos os membros da FPMR-A, tenham participado do seqüestro. São eles: Ricardo Alfonso Palma Salamanca, El Negro, e Patrício Fernando Ortiz Montenegro. Os dois são companheiros de Norambuena e participaram sob suas ordens do assassinato do senador Jaime Guzmán, da União Democrática Independente (UDI), o partido do general Augusto Pinochet, em 1991. Foram resgatados de helicóptero, juntos, de uma prisão de segurança máxima em 1996. Por enquanto a polícia ainda não identificou os quatro responsáveis pelo cativeiro de Olivetto - dois homens e duas mulheres. A polícia chilena, no entanto, desconfia que os homens também sejam frentistas. A polícia possui ainda as fotografias de três foragidos e identificou a brasileira e um homem que usava identidade argentina em nome de Miguel Armando Villabela. O delegado Wagner Giudice, diretor da Deas, deve ouvir nesta sexta-feira depoimento do publicitário Olivetto para concluir o flagrante contra os seis acusados e enviá-lo à Justiça para que o Ministério Público denuncie os acusados. Dois promotores foram designados para acompanhar o caso pelo procurador-geral de Justiça, José Geraldo Filomeno de Brito. Os advogados Alberto Espinoza, do Chile, e o brasileiro Jaime Motta estiveram hoje no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP, o anexo da Casa de Custódia de Taubaté), visitando os seqüestradores Norambuena e Moreno. Eles chegaram às 12 horas, acompanhados pelas irmãs dos seqüestradores, Cecília Hernández Norambuena e Mari Carmen Canalles Moreno, e ainda pela representante da Organização de Defesa Popular, Dolorez Lopes. Entraram às 13h30, com autorização da Secretaria de Administração Penitenciária. O grupo chileno só deixou a prisão às 17 horas desta quinta-feira. Eles disseram que os dois estavam sendo bem tratados, apesar de estarem em celas isoladas. No CRP, ficam somente presos de alta periculosidade em celas individuais. O advogado brasileiro chegou a comentar que os seqüestradores reclamaram de ter sido torturados em Serra Negra. Na saída, um dos advogados disse que ia pedir a saída dos presos do isolamento.

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