PUBLICIDADE

Imigrante fica dois dias em cativeiro na mata

Por Agencia Estado
Atualização:

O imigrante japonês Kioharo Wada, de 76 anos, produtor de uvas em São Miguel Arcanjo, na região de Sorocaba, foi mantido durante dois dias escondido em uma reserva de mata atlântica por quatro seqüestradores que o renderam em seu sítio, no Bairro Guararema, zona rural do município. Enquanto a família providenciava o dinheiro do resgate, Wada era mantido em uma barraca de lona e alimentado com palmitos e água de nascentes. O seqüestro ocorreu no dia 16 de dezembro, mas só chegou ao conhecimento da polícia depois que a família pagou o resgate de R$ 40 mil. As investigações do seqüestro vinham sendo mantidas em sigilo até a prisão de dois dos seqüestradores, na semana passada. Os outros dois já foram identificados e estão sendo procurados. Wada, sua mulher Kio, também japonesa, e a filha Márcia, nascida do Brasil, foram rendidos por quatro homens encapuzados, durante a noite. Três deles estavam armados com revólveres, o outro, com uma espingarda calibre 12. Como não havia dinheiro em casa, eles decidiram seqüestrar a família, mas libertaram Márcia para que pudesse providenciar o dinheiro do resgate. Os seqüestradores instruíram Márcia para que voltasse com o dinheiro na hora marcada e não avisasse a polícia, caso contrário matariam o refém. Inicialmente eles pediram R$ 50 mil, mas acabaram reduzindo para R$ 40 mil, em notas de R$ 50,00. Márcia seguiu todas as instruções. Na noite marcada para o pagamento, foi sozinha até a reserva. Parou o carro na estrada de terra e entrou na mata, seguindo a trilha indicada pelo grupo. "Logo fui abordada, eles contaram o dinheiro e soltaram meu pai." Só então a polícia foi informada do seqüestro. Segundo o delegado Eduardo de Souza Fernandes, um deles tinha comprado à vista uma casa no Bairro da Barra, em Sete Barras, e pago com notas de R$ 50,00. Ilton Ferreira de Oliveira, de 26 anos, foi preso. Em seu poder a polícia encontrou objetos que tinham sido tirados da casa de Wada. Também foi preso Antônio Carlos de Lara, de 25 anos. Os outros dois integrantes do bando estão sendo procurados. Todos são cortadores de palmito e conhecem bem as matas da região. A polícia não pretendia divulgar o caso por causa do precedente: o possível uso das matas do Vale do Ribeira pelo crime organizado preocupa as autoridades. A região é pouco habitada e tem pontos quase inacessíveis à polícia. No passado, foi usado pelo capitão Carlos Lamarca. O delegado seccional de Taboão da Serra, Romeu Tuma Júnior, manifestou essa preocupação após ter sido encontrado o corpo do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), numa estrada de terra, em Juquitiba, às margens da BR-116, que corta o vale.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.