Imigrantes resgatados em barco precário no Maranhão estavam há 35 dias no mar

Barco com 25 imigrantes de origem africana e dois brasileiros, que foram presos, foi resgatado neste sábado, 19, em São José do Ribamar. PF investiga esquema de imigração ilegal

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Por José Maria Tomazela e Felipe Resk
Atualização:
Barco à deriva com 25 imigrantes e 2 brasileiros foi resgatado no Maranhão Foto: Governo do Maranhão

SOROCABA - A Capitania dos Portos do Maranhão confirmou, neste domingo, 20, ter feito o resgate de um barco à deriva, transportando 25 imigrantes de origem africana e dois brasileiros, no final de noite de sábado, 19, na costa do Estado. De acordo com o capitão dos Portos Marcio Ramalho Dutra Mello, o pequeno barco tinha como destino o Porto de Itaqui, em São Luís, mas devido às suas condições precárias, foi rebocado para o cais de São José do Ribamar, na região metropolitana. A Polícia Federal investiga se os brasileiros, que foram presos, agiam como "coiotes", intermediando a entrada ilegal de imigrantes no país em troca de dinheiro.

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A embarcação estava há 35 dias no mar e teria passado mais de uma semana à deriva. As pessoas, amontoadas a bordo, já estavam sem alimentação quando foram avistadas por um barco de pesca do Ceará. O pesqueiro rebocou o barco até o litoral do Maranhão e acionou a Capitania.

Em nota, a Marinha relatou que, na manhã de sábado, por meio da Capitania dos Portos, tomou conhecimento de que uma embarcação estrangeira, supostamente de bandeira haitiana, estaria à deriva a 60 milhas náuticas (cerca de 110 km) de São José do Ribamar. Um sobrevoo realizado pelo Comando Tático Aéreo da Polícia Militar, no entanto, não encontrou a embarcação.

No meio da tarde, foi acionado um reboque para sair em busca do barco e seus tripulantes. Por volta das 19 horas, a Capitania foi informada de que o pesqueiro Tampinha 1, com registro no Ceará, tinha auxiliado os imigrantes do catamarã Rossana com alimentos e água e estava rebocando o barco. A embarcação foi levada para o cais de São José do Ribamar.

Os dois brasileiros foram conduzidos à delegacia da Polícia Federal para prestar depoimento. Conforme a nota, o condutor do pesqueiro, Raimundo Lima Patrício, informou que seus estoques de alimentos e água também tinham acabado, após o socorro dado aos 27 ocupantes do Rossana.

Amontoadas a bordo, tripulantes já estavam sem alimentação quando foram avistadas por um barco de pesca do Ceará Foto: Governo do Maranhão

Em terra, os estrangeiros receberam atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Araçagi, em São José do Ribamar. Em seguida, foram encaminhados para o Ginásio Costa Rodrigues, em São Luiz, onde receberam refeições. Eles devem ficar alojados no local até que seu destino seja definido pelas autoridades brasileiras. 

Suspeitas. A Polícia Federal informou que a suspeita é de imigração ilegal. O delegado Roberto Chaves, da PF do Maranhão, confirmou que os dois brasileiros foram presos após o resgate do barco que estava à deriva no litoral do Maranhão. Conforme Chaves, eles são investigados num esquema de tráfico para a entrada ilegal dos imigrantes no Brasil.

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Segundo ele, imigrantes já ouvidos pela PF disseram terem pago até 800 euros para serem trazidos para o Brasil, com promessa de emprego. Os dois homens, que são do Rio de Janeiro, negam essa acusação e dizem que encontraram os imigrantes abandonados em Cabo Verde e atenderam ao pedido deles para trazê-los ao Brasil.

Providências. O governo do Maranhão informou que, além dos dois brasileiros, haviam 25 africanos a bordo, de cinco nacionalidades: Senegal, Nigéria, Guiné, Serra Leoa e Cabo Verde. Ao desembarcarem, eles foram atendidos em uma unidade médica, pois apresentavam quadro de desidratação. "As primeiras providências foram tomadas ainda no Cais de São José de Ribamar, onde foram realizados os primeiros atendimentos e servidas refeições", diz a nota.

Ainda segundo o governo, os resgatados "seguem assistidos pela Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop), em caráter temporário, até que os procedimentos realizados pela Polícia Federal sejam finalizados".

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