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IML prepara exames de DNA e evita prazo para identificações

Por MAURÍCIO SAVARESE
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Passados seis dias e com dois terços das vítimas ainda para serem examinadas, o processo de identificação dos mortos no pior desastre aéreo da aviação brasileira caminha para a fase de exames de DNA, cujas análises podem demorar até um mês. A avaliação é da chefe do laboratório de DNA do Instituto de Criminalística do Instituto Médico Legal, Norma Bonaccorso, que explicou que a maior dificuldade de identificação acontece com os corpos carbonizados. Nestes casos, para o exame de DNA, é preciso pegar amostras dos ossos das vítimas. "Vamos pegar DNA de ossos, e esse processo é sempre complexo. Só preparar o material leva dois dias", disse a especialista a jornalistas na sede do IML em São Paulo, nesta segunda-feira. Identificados 63 corpos das cerca de 200 vítimas fatais do acidente com o avião da TAM, o IML começou esta semana a coletar sangue dos parentes dos mortos para iniciar o trabalho de identificação pelo código genético, o exame de DNA. O instituto analisa 214 sacos com fragmentos de corpos. "À medida em que nós formos recebendo os perfis genéticos, vamos cruzar esses dados para verificar as combinações genéticas", afirmou. Como alguns casos podem tomar até um mês de análise, Norma afirmou que é muito difícil prever o tempo total que pode levar a identificação de todos os corpos. RECHECAGEM Apesar de terem sido iniciados os trabalhos para identificação por DNA, a fase de reconhecimento visual das vítimas ainda não está concluída. Segundo a assessoria de comunicação do IML, algumas vítimas estão passando por rechecagem. O IML central de São Paulo afirma que não tem registro na sua história de um desafio dessa dimensão. A maior parte dos técnicos é da própria unidade, embora haja alguns poucos colaboradores de outros IMLs da capital paulista. Os médicos têm trabalhado pelo menos 12 horas, fazendo pequenos intervalos, revezando-se em dois turnos para cumprir 24 horas de operação por dia. Por isso, Norma rebateu as críticas dos parentes das vítimas de que o processo está muito lento, afirmando que 88 pessoas estão trabalhando no caso. "Mais do que isso até atrapalha", alegou. O empresário Paulo Solano, que perdeu o irmão Arnaldo Batista Ramos, de 38 anos, esperava pela identificação no IML. Os irmãos tinham encontro marcado no Aeroporto de Congonhas na terça-feira do acidente. Quando chegava ao local de táxi, Solano viu o Airbus bater no prédio da TAM. "Na hora, nem imaginei que ele estivesse ali, mas quando o tempo foi passando e o celular dele não respondia, começou a cair a ficha", relatou. Arnaldo era casado com uma comissária de bordo e deixou dois filhos.

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