Impeachment já ameaça prefeito de Campinas

Após operação que prendeu 11 suspeitos de desvio, Câmara analisará pedido apresentado por tucano

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Por Rose Mary de Souza
Atualização:

Vereadores da Câmara Municipal de Campinas já articulam um pedido de afastamento do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), o Dr. Hélio, após a operação da força-tarefa do Ministério Público, da Polícia Militar e da Corregedoria da Polícia Civil cumprir 20 mandatos de prisão na cidade na sexta-feira. Foram presos integrantes e ex-integrantes da prefeitura e empresários. Eles são acusados de fraudes em licitações envolvendo a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa).Em reunião extraordinária, ainda na manhã de sexta, os vereadores formaram uma comissão representante que vai solicitar informações do conteúdo do processo ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público Estadual que combate o crime organizado.No mesmo dia, o vereador Artur Orsi (PSDB) protocolou um pedido de impeachment do prefeito. A solicitação será analisada na sessão de amanhã da Câmara. Para ser instaurado, é necessário o apoio de dois terços da Casa - 22 dos 33 vereadores.Alvo. Dr. Hélio não se manifestou sobre os acontecimentos. Sua mulher e chefe de gabinete, Rosely Nassin Jorge dos Santos, é o alvo principal da investigação e só não foi presa por dispor de um habeas corpus preventivo. A promotoria suspeita que Rosely comandava pessoalmente a rede de empresários e servidores e direcionava processos de concorrência para obras de grande porte da Sanasa, além de contratos celebrados com empresas de segurança, conservação e limpeza. Depoimentos indicam que ela recebia propinas de 5% a 7% do valor supostamente desviado de cada contrato. O montante do rombo nos cofres municipais ainda não foi informado.Foram presas 11 pessoas - e não 12 como foi inicialmente foi divulgado. Todas elas estão em uma única cela do 2.º Distrito Policial. A prisão temporária vale por cinco dias e pode ser prorrogada. Nove não foram localizadas e são consideradas foragidas, entre elas o vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT), que está na Europa em viagem de férias. Pelo Twitter, o vice-prefeito afirmou que vai antecipar sua volta. Além de Vilagra, os secretários da Segurança, Carlos Henrique Pinto, e das Comunicações, Francisco de Lagos, são considerados foragidos. Nota divulgada pelo presidente do PT em Campinas, Ari Fernandes, e pelo presidente estadual, Edinho Silva, diz que o partido acompanha os acontecimentos "com a firme convicção de que tudo deve ser apurado e esclarecido até as ultimas consequências" e manifesta apoio a Vilagra. "O PT tem plena confiança na idoneidade e lisura da conduta de nosso companheiro Demétrio Vilagra." Na prisão. Estão presos Aurélio Cance Júnior, Ricardo Candia, Valdir Carlos Boscato, Gregorio Cerveira, João Ibrahin Gutierrez, Marcelo Barbosa Figueiredo, Luiz Arnaldo Pereira Maier, Pedro Luiz Ibrahin Hallack e João Tomaz Pereira Júnior. Os empresários Alfredo Ferreira Antunes e Augusto Ribeiro Antunes também são acusados por porte ilegal de duas carabinas e duas pistolas. Além do vice e dos secretários de Segurança e das Comunicações, são considerados foragidos Ivan Goretti de Deus, José Carlos Cepera, Mauricio de Paula Manduca, Dalton dos Santos Avancini, Emerson Geraldo dos Santos e Gabriel Ibrahin Gutierrez.

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