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Incêndio destrói tradicional farmácia Casa Granado

Por Agencia Estado
Atualização:

Um incêndio destruiu hoje o sobrado de três andares da tradicional farmácia Casa Granado, no centro do Rio. O prédio, que era tombado pelo patrimônio histórico e localizado no chamado Corredor Cultural da região central da cidade, abrigava uma fábrica de cosméticos que utilizava material inflamável. Não houve vítimas. Reincidência - Fundada em 1870 e instalada desde 1912 no sobrado, a Granado vinha sendo alertada dos riscos de incêndio pela Associação dos Comerciantes do Rio Antigo (Accra). Dois incêndios já haviam ocorrido na fábrica neste ano, em abril e maio. A associação enviou uma carta chamando a atenção de órgãos da administração municipal e entidades ambientais há quatro meses, mas nenhuma providência foi tomada. O incêndio teve início antes das 8 horas deste sábado e demorou mais de duas horas para ser controlado. Os 80 bombeiros que trabalharam no local enfrentaram dificuldades para evitar que as várias explosões espalhassem o fogo para as construções vizinhas, a maior parte do início do século. O material inflamável provocou várias explosões ao longo de duas horas. Um restaurante localizado ao lado da Granado também foi consumido pelo fogo e a área foi evacuada e isolada. Tradição - A Casa Granado é um dos principais nomes da indústria farmacêutica do País. A empresa era uma das fornecedores oficiais da Corte e chegou a ser um ponto de encontro de políticos e intelectuais no centro do Rio no período do Império. A partir da vinda de grandes indústrias químicas internacionais para o Brasil, a Granado deixou de fabricar alguns medicamentos e se mantém ainda como empresa totalmente nacional. Entre os produtos mais tradicionais, já consumidos por grande parte dos brasileiros e que ainda são comercializados, estão o sabonete de glicerina (desde 1915) e o famoso polvilho anti-séptico Granado (desde 1903). O faturamento anual da empresa, que emprega 600 funcionários, gira em torno de R$ 50 milhões. Proprietários e funcionários da empresa estiveram hoje de manhã no local do incêndio, mas não quiseram dar declarações à imprensa. A presidente da Accra, Lou Vicente, disse que os diretores da Granado sempre afirmaram que os demais comerciantes da região podiam ficar tranqüilos porque não havia perigo de incêndio no local. Perícia - O coronel Jorge Lopes, da Defesa Civil, disse que somente a perícia poderá determinar a causa do incêndio, mas admitiu que a farta quantidade de material inflamável no local foi responsável pela destruição do sobrado. O secretário de governo da prefeitura do Rio, João Pedro Figueira, disse que determinaria ainda hoje à coordenadoria municipal de Defesa Civil uma vistoria em toda a área antiga do centro para verificar outros focos de perigo de incêndio. Ele admitiu que a manutenção das construções que compõem o patrimônio histórico é precária.

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