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Incêndios no Rio batem recorde histórico

Desde o início de julho, foram aproximadamente 2,8 mil focos de incêndios em florestas no Estado

Por Agencia Estado
Atualização:

Em um ano atípico, o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro já registrou, desde o início de julho, aproximadamente 2,8 mil focos de incêndios em florestas no Estado. Apenas no fim de semana, até as 16h30 deste domingo, foram 151 focos. A corporação informou que todas as suas 105 unidades operacionais atenderam a ocorrências neste domingo, parte delas em apoio no combate ao fogo em áreas de outros quartéis. Pelo menos mil bombeiros foram mobilizados, e o avião de combate a incêndios, capaz de carregar 3,1 mil litros de água, voou durante todo o dia. "Em julho tivemos um recorde histórico: 1,8 mil incêndios em florestas atendidos pelos bombeiros. Estamos falando de quase 2,8 mil casos em dois meses, podendo chegar a 3 mil", disse o comandante do Grupamento de Socorro Florestal e Meio Ambiente dos bombeiros, coronel Wanios de Amorim. A média histórica de incêndios florestais no Rio no mês de julho fica entre 700 e 800 casos. "Houve um aumento de mais de 100%", observou. O recorde anterior era de 1,6 mil incêndios em setembro de 2002. O coronel explicou que, em geral, agosto e setembro, por serem os meses com menos chuva, registram mais casos. Apesar da quantidade de focos, não houve nenhum grande incêndio neste domingo, disse Amorim. Até o fim da tarde, os bombeiros continuavam combatendo o fogo na Reserva do Rio D´Oro, em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, onde pelo menos cinco hectares foram atingidos. Na região próxima ao Parque Nacional de Itatiaia, no sul fluminense, a situação estava sob controle, informou o quartel de Resende. O maior foco consumiu dez hectares de vegetação. Falta de chuvas "Tenho 22 anos de Corpo de Bombeiros e nunca vi nada igual", disse Amorim. "Enfrentamos uma situação crítica em termos de estiagem." O coronel explicou que apesar de ter havido precipitação, as chuvas que caíram sobre o Estado recentemente não atingiram 2 milímetros, o que as torna insignificantes para ajudar a evitar o fogo nas matas. "Isso é praticamente nada. Duas horas de sol intenso já resseca a vegetação, que fica pronta para pegar fogo", disse. Amorim acrescentou que desde julho as chuvas atingiram apenas 20% da média histórica, um fenômeno para o qual os bombeiros ainda não encontraram explicação. "Normalmente, a estiagem acontece quando há o El Niño (corrente marítima que influencia na temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, com efeitos sobre o clima), o que não foi o caso este ano. Está sendo um ano atípico, e não conseguimos identificar a razão para isso. É uma situação a ser investigada cientificamente." O coronel contou que o trabalho tem sido tanto que a manutenção do avião de combate a incêndios tem de ser feita à noite, para que ele não pare durante o dia. "Virou tática de guerra. A gente não está parando".

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