PUBLICIDADE

Índios cobram melhorias prometidas por Pagot

Por Carlos Mendes
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADO / BELÉMRevoltados com as promessas não cumpridas pelo ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, demitido pela presidente Dilma Rousseff por suspeitas de irregularidades no órgão, os índios caiapós decidiram radicalizar um protesto que começou na segunda-feira, com a apreensão de caminhões e máquinas que trabalham na pavimentação de vários trechos da BR-163 (Santarém-Cuiabá). Ontem, atearam fogo a uma ponte localizada sobre o Rio Disparada, próximo à cidade de Novo Progresso, no oeste paraense.Ontem, os índios disseram que só deixarão a estrada quando autoridades federais forem à região para tratar das promessas feitas por Pagot, que, antes de cair, teria garantido melhorias nos acessos às estradas que levam às aldeias Baú e Mekranotire e também benefícios na área da saúde. Nada disso foi feito até agora. "Se o homem branco não tem memória e esquece facilmente as promessas que ouve das autoridades, os índios têm a memória muito boa para cobrar as coisas que são prometidas", disse o índio João Mekranotire. Aviso. Na segunda-feira, centenas de caiapós, armados com flecha, espingardas e revólveres, atacaram os operadores de máquina, tomando as chaves dos veículos das mãos dos funcionários que trabalhavam no asfaltamento da rodovia, paralisando totalmente a obra. Eles enviaram uma carta à direção do Dnit, reivindicando a construção das casas da saúde, do artesanato e cultural, além da compra de dois veículos. E avisaram: "Se nada for feito, começarão a incendiar as máquinas".A direção do Dnit informou que mandará uma equipe de Brasília para negociar com os índios, mas a viagem só deve ocorrer na quarta-feira. Os 3,6 mil trabalhadores que estão na área, asfaltando a rodovia, temem que a demora revolte ainda mais os caiapós. "Nosso medo é que os índios percam de vez a paciência e comecem a destruir os canteiros", disse o supervisor de obras, Michel Souza.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.