Índios mantêm 10 reféns no Maranhão

Prefeito e mais três integrantes de grupo que negociava libertação de seis funcionários da Vale também acabaram sequestrados

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Por Ernesto Batista
Atualização:

O prefeito de Alto Alegre de Pindaré, Altemir Botelho (PT), e mais três pessoas viraram reféns de índios guajajaras no início da noite de ontem. O grupo tentava negociar a libertação de seis empregados da Vale sequestrados desde quarta-feira, quando os indígenas ocuparam a linha da Estrada de Ferro Carajás.Os índios reclamam do atraso de repasse de produtos agrícolas e pedem melhorias no atendimento de saúde e educação na terra indígena do Caru, localizada ao longo da ferrovia.A situação na região voltou a ficar tensa, apesar de os índios terem liberado a ferrovia e os trens estarem circulando pelo trecho. A mineradora informou por nota que há possibilidade de novas interdições da linha férrea. No fim da tarde, fontes locais informavam que a qualquer momento forças de segurança do Maranhão poderiam ser deslocadas para a área. O local onde ferroviários estão sendo mantidos reféns fica dentro da terra indígena do Caru, a apenas 60 metros de onde os trens passam. É dessa aldeia que partem os grupos que têm ocupado a ferrovia desde 2005, quando os guajajaras descobriram que interditar a linha produz mais resultados do que conversas diretas com a Fundação Nacional do Índio (Funai) ou com autoridades locais. Na primeira ocasião em que os índios tomaram a ferrovia, a Vale passou 15 dias sem poder transportar minerais para o Porto do Itaqui, em São Luís, e combustível para os municípios do interior do Maranhão e do leste do Pará. Na época, os índios também sequestraram quatro ferroviários e destruíram 150 metros de dormentes e trilhos. Desde então, já ocorreram cerca de 10 episódios de interdição da ferrovia. O último, há um ano, durou 10 horas.Reação. A mineradora informou por nota que as reivindicações indígenas não dizem respeito à empresa, que está em dia com as obrigações acordadas com a Funai em 2007 e que vai responsabilizar civil e criminalmente os autores da invasão.

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