Infestação de ratos preocupa autoridades do DF

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Por Agencia Estado
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Nunca se viu tanto rato em Brasília. Animais da espécie ratus norvegicus estão infestando os ministérios, o Congresso e até os palácios do Planalto e da Alvorada. Armadilhas e veneno não estão resolvendo o problema enfrentado pelos moradores de favelas e mansões da cidade. Só neste ano, três pessoas morreram e 22 ficaram hospitalizadas em decorrência da leptospirose, doença causada por bactéria encontrada na urina dos ratos. A invasão dos roedores é causada pela ocupação irregular de áreas destinadas a reservas ambientais, com o conseqüente acúmulo de lixo nessas áreas. "O espaço previsto para chácaras passou a ser ocupado por condomínios ilegais", diz a ambientalista Natanry Osório. A mudança no meio significou, além do despejo de lixo nos terrenos, o fim de predadores naturais do rato. Há 26 anos trabalhando nas chácaras do Lago Sul, o jardineiro Luís Vieira da Silva, 67 anos, vem ensinando os colegas das residências vizinhas a construírem armadilhas. "Eu pego uns cinco ratos por noite, mas o Manoel chegou a capturar 50 na semana passada", conta. Ele afirma que o problema é recente. "Antes aqui só existia animal manso, como seriema, perdiz e ganso; a coisa ficou feia de uns dois anos para cá." A constatação do jardineiro é respaldada por dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Em 1999, seis casos de leptospirose foram registrados. No ano passado, o número pulou para 34. Em julho, uma adolescente de 16 anos morreu em Sobradinho. A tragédia da família da jovem foi além. Há duas semanas, morreu a irmã, de 14 anos. A Vigilância Epidemiológica desconfia que a segunda morte também tenha sido causada pela doença transmitida pelos ratos. No Plano Piloto, ocorreram quatro casos da doença. O Palácio da Alvorada sempre recorre à Vigilância Epidemiológica. Os restos de comida deixados pelos turistas no gramado agravam a situação. Já o terreno onde fica o mastro da bandeira, perto do Palácio do Planalto, deixou de ser ponto preferido dos namorados. A Vigilância Epidemiológica nunca fez levantamento de mordidas de ratos na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, onde se localizam os prédios administrativos. "Isso merece uma investigação mais profunda", diz a diretora do órgão, Disney Antezana.

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