Infraero, Anac e TAM serão responsabilizadas

Nomes dos envolvidos serão divulgados em agosto

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Por Bruno Tavares
Atualização:

Depois de passar um ano colhendo centenas de depoimentos e tentando entender os meandros do setor aéreo, a Polícia Civil e o Ministério Público Estadual têm poucas dúvidas sobre quem pretendem responsabilizar pelo pior acidente da aviação brasileira. Na lista estarão funcionários, técnicos e dirigentes da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da TAM. Os nomes dos envolvidos são mantidos sob sigilo e só serão divulgados em agosto, quando o inquérito de 36 páginas deverá estar concluído. Encarregado de acompanhar as investigações na esfera estadual, o promotor Mário Luiz Sarrubo deixa clara a frustração por não conseguir incluir a Airbus em uma eventual denúncia. "Outros acidentes iguais ao da TAM já tinham ocorrido em outros países e a fabricante não fez o ?recall? do alarme sobre a posição das manetes", afirmou. "Optaram pela solução mais simples e barata. Só que isso tem reflexos no nível de segurança das aeronaves." Sarrubo deve denunciar de sete a dez pessoas. A responsabilidade da Anac está no fato de ter deixado de aplicar as regras estabelecidas numa norma de janeiro de 2007, que tratava sobre a operação em Congonhas em caso de pista molhada e vetava o pouso de aviões com o reverso (freio aerodinâmico) travado. "Se isso tivesse sido aplicado, o acidente poderia ter sido evitado", atesta o perito Antonio de Carvalho Nogueira Neto, do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo. A Infraero liberou as pistas do aeroporto sem o chamado grooving (ranhuras que ajudam no escoamento da água). A TAM deve ser responsabilizada por ter deixado de treinar a tripulação para aquele tipo de situação de emergência. Segundo o delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, que comanda as investigações, 90% do inquérito está concluído, restando só a finalização do laudo do IC e a chegada dos depoimentos de ex-diretores da Anac.

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