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Infraero desapropriará bairros para ampliar aeroporto

Por Agencia Estado
Atualização:

A Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) deve começar em março a cadastrar parte dos moradores de seis bairros próximos do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na região metropolitana, que estão na área que será desapropriada para a construção da terceira pista do aeroporto. A empresa estima que há nesses locais pelo menos 2.700 moradias. Pelos cálculos da prefeitura de Guarulhos, baseados no censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de outubro de 2000, mais de 13 mil moradores serão afetados pela medida. A desapropriação do local foi oficializada por um decreto do governador Geraldo Alckmin (PSDB), publicado no dia 17 no Diário Oficial do Estado (DOE). Pela determinação, a Infraero arcará com as indenizações, que não deverão custar menos de R$ 100 milhões. A área, porém, não será usada na construção da terceira pista, mas para retirar moradores das cabeceiras e de pontos de segurança do aeroporto. O cadastramento, que deve terminar em dezembro, determinará como cada morador será indenizado. De acordo com o superintendente da Infraero na Regional Sudeste, Tércio Ivan de Barros, não deverá ser fixado um valor único por metro quadrado. "Há no local vários tipos de moradores: os que têm documentação os que ainda não conseguiram a escritura e os invasores", disse. "Há também a diferença de preços dos imóveis entre os bairros." Boatos - Segundo o secretário de Economia e Planejamento da prefeitura de Guarulhos, Roberto Moreno, a administração municipal quer criar um bairro padrão para abrigar os desapropriados. "Será nos mesmos moldes das cidades construídas no lugar de municípios inundados por hidrelétricas" diz Moreno. A prefeitura estuda uma parceria com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e com a iniciativa privada. A Infraero nega que haja esse tipo de ação em andamento. "São especulações", afirma o superintendente. A idéia, mesmo antes de ser oficializada, não agrada aos moradores, que não sabem como agir. Sem informação, eles desesperam-se. Algumas casas estão para alugar há mais de quatro anos, quando os boatos de desapropriação ficaram mais fortes. "Meu vizinho não termina a casa nem aluga para ninguém. Estamos todos inseguros e sem saber o que fazer", afirma a cabelereira Esmeralda Claudina de Omena, de 33 anos. Há cinco anos, ela mora com a família no Jardim Santa Lídia, bairro que deverá ter pelo menos 20% da área desapropriada. A poucos quilômetros dali, no bairro Haroldo Veloso - que deverá ser o mais atingido pela medida -, a provável desocupação tira o sono do aposentado Alan Kardec da Silva, de 47 anos. Ele contruía a casa dos sonhos, com paredes arredondadas, projetada desde que era menino. Agora, a moradia não deve ser finalizada. "É triste ver um sonho transformar-se em nada e você nem ser compensado por isso." Ele estima que o terreno, que inclui uma mercearia e outra casa, esteja avaliado em R$ 90 mil. "Não acho que vão me pagar tudo isso." Nas próximas semanas, a prefeitura de Guarulhos e a Infraero deverão criar uma agência de informação para os moradores. "Vamos evitar os boatos e orientar as pessoas", afirma Moreno. A terceira pista do aeroporto só deverá ser construída daqui a dois anos, com custo de, aproximadamente, R$ 300 milhões. A obra, de acordo com a Infraero, aumentará a capacidade de pousos e decolagens do aeroporto dos atuais 250 mil por ano para 450 mil.

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