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Insatisfação bate excelência técnica

Avaliação inédita feita pelo governo federal mostra descontentamento sobretudo de quem tem dificuldade de acesso

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Por Redação
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Avaliação inédita do Ministério da Saúde concluiu que, se por um lado o Instituto Central (IC) do Hospital das Clínicas - do qual faz parte o Prédio dos Ambulatórios - pode ser considerado excelente em capacidade técnica, por outro seus usuários não têm o mesmo nível de satisfação. O Programa Nacional de Avaliação de Serviços de Saúde, concluído neste ano, colocou o instituto, cujo Prédio dos Ambulatórios foi atingido por um incêndio na semana passada, no grupo 3 dos centros médicos pesquisados, quando se leva em conta o item "avaliação dos usuários". O instituto, nesse ponto, ficou ao lado de hospitais como a Beneficência Portuguesa e o Hospital Bandeirantes. O grupo reúne as unidades que tiveram nota entre 49 e 62. São três os grupos, sendo 1 o melhor e 3 o pior, com notas que podem chegar a, no máximo, 100. Uma das hipóteses para a nota atribuída pelos usuários para o Instituto Central, diz o secretário de Atenção à Saúde do ministério, José Carvalho de Noronha, é a pressão de demanda que o local sofre, ou seja, a dificuldade para se ter acesso ao centro de excelência justificaria a insatisfação dos pacientes. Outros hospitais do complexo, como o Instituto do Coração, tiveram avaliação melhor, alcançando o grupo 2, com notas entre 62 e 74,6. Também outras unidades de pesquisa e ensino, como o Hospital São Paulo, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e o Hospital Universitário, da Universidade de São Paulo (USP), ficaram no grupo 2 em relação à satisfação dos pacientes. No entanto, no quesito técnico, o HC fica ao lado de uma das melhores unidades particulares do País, o Hospital Albert Einstein, também em São Paulo. Os dois estão no grupo 1, que reúne aqueles que tiveram notas entre 74,6 e 100 no item. O ministério destaca que os dados são preliminares e não foram enviados às unidades ainda. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, como não foi realizado um aprofundamento dos motivos, é difícil saber a causa exata da nota que o Instituto Central recebeu da população atendida. A avaliação será aperfeiçoada nas próximas edições, segundo Noronha. Diretor do Instituto Central na época em que a avaliação foi realizada, o ginecologista e obstetra Waldemir Rezende concorda com o resultado. O baixo desempenho na avaliação dos pacientes pode, em muito, ser creditado às pessoas que não conseguem entrar no sistema. Especialistas em saúde pública apontam esse problema como um dos principais gargalos não apenas do Hospital das Clínicas, mas de toda a rede. "Quem consegue ter acesso dá nota máxima ao hospital." Um dos problemas é o fato de o HC historicamente receber pacientes de todas as áreas da cidade. "Uma solução que encontramos na época foi a triagem dos pacientes do pronto-socorro", diz Rezende. FABIANE LEITE E EMILIO SANT?ANNA

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