Instituto aponta irregularidades em 30% dos caminhões em SP

Veículos que transportam carga perigosa também podem causar explosões

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Por Agencia Estado
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Sinal de perigo em São Paulo. Foram constatadas irregularidades em 30% dos caminhões fiscalizados cruzando a cidade com produtos perigosos, como ácidos, venenos e explosivos. Dos 2.200 veículos fiscalizados no ano passado, 720 tinham algum tipo de problema que poderia causar vazamentos ou acidentes, segundo alerta o Instituto de Pesos e Medidas (Ipem). No ano anterior, o índice foi de 25% (555 autos de infração para 2.166 veículos que passaram por vistoria). Os caminhões que passaram por vistoria são só uma pequena parte do grande número que circula pela capital: 10 mil por dia. Por ano, são 3,5 milhões de veículos levando ácidos, combustíveis e gases tóxicos. O estado precário dos caminhões se reflete no número de acidentes. Dentre as rodovias que servem a capital, a Anhangüera revela-se a campeã dos acidentes com produtos químicos: 124 casos em 2006. Quarenta itens relacionados à segurança são conferidos nas blitze. Pelos registros do Ipem, problemas nos pneus e freios e falhas nas válvulas de descarga dos caminhões fizeram com que 374 dos 720 veículos considerados irregulares tivessem a documentação apreendida. Os riscos de explosão e de intoxicação também são grandes. No dia 8 de julho de 2006, por exemplo, um caminhão tombou na Marginal do Pinheiros e espalhou sua carga de gás butil-mercaptano. As pistas foram interditadas e o cheiro provocou vários casos de intoxicação até na vizinha cidade de Embu-Guaçu. Problemas crescem 52,5% O Ipem informou que alguns veículos apresentaram pontos de vazamento causados por corrosão ou trincas. Segundo o tenente Cláudio Rogério Ceoloni, da Polícia Rodoviária Estadual que realiza blitze conjunta com o Ipem, as irregularidades em estradas cresceram 52,5% num ano. "Em 2005 autuamos 12.228 caminhões com carga perigosa. Ano passado, foram 18.651 ao longo dos 24 mil quilômetros de rodovias que passam por São Paulo." A dificuldade de realizar blitze nas Marginais dificulta a fiscalização. Faltam lugares seguros para os caminhões encostarem. Mesmo assim, as operações têm três focos: raio de 100 km antes da chegada na capital, o eixo Santos-Cubatão e o trecho Campinas e Paulínia, sentido Capital, no Sistema Anhangüera-Bandeirantes. "São Paulo é o Estado campeão de veículos que transportam cargas perigosas, por isso a fiscalização é intensa. Mantemos tudo sob controle", garantiu Ceoloni. Mas para Glória Benazzi, coordenadora da Comissão de Normas de Transporte Terrestre de Produtos Perigosos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o número de caminhões em situação precária está crescendo por falta de fiscalização. "Acho que falta efetivo e gente preparada para fazer essas fiscalizações. Enquanto isso toda a sociedade é prejudicada." Em São Paulo, cabe à CET monitorar os caminhões com cargas perigosas, que são proibidos de circular no perímetro urbano entre 17h e 20h. No ano passado, foram registrados de 20 acidentes envolvendo cargas perigosas só na capital.

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