PUBLICIDADE

Interpol prende no Rio alemão acusado de seqüestro

Bernd Dieter Kramer era procurado internacionalmente desde 1996

Por Agencia Estado
Atualização:

Por meio da representação regional da Interpol no Rio, a Polícia Federal (PF) prendeu na quinta-feira, 2, em Angra dos Reis, litoral sul do Estado, o alemão Bernd Dieter Kraemer, de 57 anos, que em 1996, junto com quatro comparsas, participou do seqüestro do industrial Jan Philip Reemtsa. O crime teve grande repercussão na Alemanha pois resultou no pagamento de resgate de 30 milhões de marcos alemães (hoje, aproximadamente 15 milhões de Euros ou cerca de R$ 39,7 milhões). Kraemer era o único dos seqüestradores do empresário ainda em liberdade. Kraemer estava no Brasil usando seu próprio nome desde março de 2000. Entrou como turista e conseguiu um visto de permanência com validade até 2013. Ele casou-se com uma brasileira, cujo nome a polícia não divulgou, e tem uma filha com três anos de idade. Aparentemente, segundo o delegado federal Wanderley Martins, responsável pela prisão, a mulher e a família dela desconheciam o seu passado. O alemão era dono de um bar no pequeno povoado de Santa Rita que, segundo o delegado, "mais parecia uma ação entre amigos, tinha pouquíssimo movimento e ficava escondido". Kraemer, de acordo com a polícia, vivia modestamente, mas ainda com recursos originários do seqüestro. Além de ter tido participação ativa na operação contra o empresário, ficou encarregado de fazer a "lavagem do dinheiro", para dar uma situação legal aos valores conseguidos com a operação criminosa. A prisão foi feita depois que a Alemanha entrou com um pedido de extradição junto ao Supremo Tribunal Federal. O mandado de prisão foi assinado pelo ministro Celso de Melo no dia 30 de outubro e cumprido dois dias depois, porque os policiais federais já vinham monitorando o alemão. No Brasil, ele não é acusado de nenhuma ilegalidade. O próprio prisioneiro reconheceu na conversa com os policiais que sua prisão terá grande repercussão na Alemanha. "Ele admitiu que a extradição foi pedida para que fale o que sabe, mas disse que não falará nada", comentou Martins. No momento da prisão, segundo o delegado, ele estava em casa apenas com a filha, que foi poupada: "Tivemos a preocupação de não chocá-la", disse o delegado. A mulher dele estava trabalhando. Kraemer, por sua vez, pediu para falar com o sogro, ao qual entregou a chave da casa e a filha, junto com alguns valores - cerca de 200 Euros e pouco mais de US$ 100. "Ele disse ao sogro que estava sendo levado pela Polícia Federal por causa de problemas antigos na Alemanha, que depois ele explicaria", contou o delegado. Como não houve nenhum mandado de busca, a operação policial limitou-se a efetuar a prisão. Kraemer ficará na área destinada pelo Sistema Penitenciário do Rio aos extraditados enquanto aguarda o julgamento do pedido alemão de extradição. Ele pode ser beneficiado pelo fato de ter casado no Brasil e ter uma filha de três anos, tal como ocorreu com o assaltante do trem pagador inglês, Ronald Biggs. Mas, como lembrou o delegado Martins, o Supremo já tem decisões em que autorizou a extradição por entender que o casamento e o filho eram simulações visando apenas evitar a extradição. Matéria atualizada às 19h01

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.