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Investigação sobre morte de preso na PF é criticada

Por Agencia Estado
Atualização:

Os companheiros de cela do auxiliar de cozinha Antônio Gonçalves de Abreu - preso sob acusação de assassinar um agente da Polícia Federal e morto nas dependências da PF um dia depois - participaram nesta terça-feira do reconhecimento dos policiais suspeitos da morte do cozinheiro por um álbum fotográfico com imagem de todos os agentes lotados na Superintendência da PF. Os presos Samuel Cerqueira e Márcio Gomes também prestaram depoimento ao delegado federal Paulo Yung que trabalha em Santa Catarina e está no Rio há dez dias para investigar o caso. "Cheira a corporativismo? O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (Alerj), deputado Chico Alencar (PT), criticou a forma como foi feito o reconhecimento. "Cheira a corporativismo. Parece coisa feita para confundir. As pessoas podem ter fisionomia semelhante, e, em situação de tortura, o preso tem dificuldade de identificar o agressor", afirmou. De acordo com Alencar, o superintendente da PF no Rio, Marcelo Itagiba, em depoimento à comissão na Alerj, disse que 32 agentes federais passaram pela superintendência na noite em que Abreu foi submetido a espancamentos. Suspeito de matar o agente Gustavo Moreira, em 7 de setembro último, o cozinheiro chegou em boas condições de saúde à PF e saiu da carceragem com lesões em todo o corpo, traumatismo craniano e em coma. "Por que eles não viram as fotos somente desses 32?", indagou o deputado. Críticas a Yung Alencar disse que desde que Yung assumiu as investigações, a comissão tem tido dificuldade de obter informações sobre o inquérito. "Há um descompasso entre a postura do governo federal, que já decidiu indenizar a família do cozinheiro, e o ritmo do inquérito", afirmou. Para o deputado, houve uma "inversão de expectativas" depois que Yung começou a investigar o episódio. "Teoricamente, ele deveria dar maior isenção às investigações, mas rompeu ligações com a Comissão de Direitos Humanos." A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que Paulo Yung não dá entrevistas. Uma nota oficial sobre os depoimentos tomados nesta terça-feira e o resultado do reconhecimento fotográfico deve ser divulgada nesta quarta-feira.

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