Investigadas ligações de policiais federais com doleiro foragido

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Procuradoria da República em São Paulo identificou um grupo de pelo menos oito policiais federais que teriam ?estreitas ligações? com o empresário Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, apontado como um dos maiores doleiros do País. Os nomes dos federais estão sendo mantidos em segredo ? são quatro delegados e quatro agentes, citados em conversas telefônicas interceptadas durante 120 dias e em documentos que foram apreendidos na blitz realizada na quarta-feira em quatro endereços da casa de câmbio de Toninho, a Barcelona Tour Viagens e Turismo. ?Os policiais aparecem como clientes e amigos de Toninho, e também como compradores e vendedores de dólares?, declarou o procurador federal Silvio Luís Martins de Oliveira, que coordena a investigação. ?Os indícios apontam para um elevado grau de intimidade, o que é anormal entre um policial e um doleiro.? Entre os papéis encontrados há comprovantes de depósitos e até pagamentos de faturas que estariam em nome de policiais. O Ministério Público Federal estuda requisitar bloqueio de bens e quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos policiais. O superintendente da Polícia Federal em São Paulo, delegado Francisco Baltazar da Silva, informou, por meio de sua assessoria, que se a PF receber informações oficiais da Procuradoria da República sobre envolvimento de policiais determinará abertura de inquérito. Quando tomou posse, em fevereiro, Baltazar anunciou que um de seus principais objetivos é trabalhar em sintonia com o Ministério Público Federal. Ele está preocupado com a repercussão do caso e quer imediata apuração. Toninho Barcelona está foragido desde segunda-feira, mas cinco gerentes e operadores que trabalham para ele foram capturados. A operação foi conduzida por uma força-tarefa formada por sete procuradores que rastrearam 10 linhas telefônicas do doleiro, com autorização do juiz Hélio Egydio de Matos Nogueira, da 6ª Vara Criminal Federal. As fitas reúnem quase mil horas de gravações e revelam a estratégia de ação do investigado e seus clientes, identificados por senhas com duas letras e três números. O procurador Martins de Oliveira suspeita que ?a organização financeira clandestina? dirigida por Toninho Barcelona teria ligações com outros 30 doleiros e ramificações em paraísos fiscais. Foram encontrados documentos referentes a cinco empresas offshore, quatro sediadas em Montevidéu e uma nas Ilhas Virgens Britânicas, a Montero Securities Inc.. ?A Barcelona Tour operava como um banco, fazendo freqüentes remessas de grandes somas para o exterior?, informou o procurador. A perícia e abertura de dados armazenados nos 12 computadores apreendidos na casa de câmbio serão realizadas pelo Laboratório de Informática Forense da Secretaria Estadual da Fazenda. ?A operação foi uma flagrante ilegalidade porque todos os ativos e registros da Barcelona foram apreendidos, ou seja, foi decretada sua falência antes de um julgamento legal?, reagiu o advogado Carlos Costa e Silva, defensor de Toninho Barcelona. ?É preciso que fique bem claro: meu cliente não é um doleiro, ele possui uma casa de câmbio regularmente instalada com carta patente do Banco Central há mais de 10 anos, sem jamais ter sofrido qualquer penalização.? Costa e Silva anunciou que vai entrar com habeas-corpus no Tribunal Regional Federal pedindo a revogação do decreto de prisão de Toninho. O advogado admite a possibilidade de seu cliente apresentar-se à Justiça. ?Houve um claro direcionamento porque os pedidos de prisão foram feitos com base em um inquérito aberto em 1997 para apurar atividades de uma empresa de informática, mas ele (Toninho) nunca foi ouvido.?

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