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Irmão de Daniel era pacato, dizem vizinhos

Por Agencia Estado
Atualização:

Discretamente, vizinhos do luxuoso Condomínio Mansão Domenico Veneziano, na esquina das Ruas Graúna e Tuim, em Moema, bairro nobre da zona sul, comentavam nesta sexta-feira sobre o envolvimento de um de seus moradores na morte do casal Manfred Albert von Richthofen, de 49 anos, e Marísia, de 50. A vida de Christian Cravinhos de Paula e Silva, de 26 anos, era debatida pelas pessoas como se ele fosse conhecido de todos. Na feira livre de sexta-feira, o assunto ganhou destaque. Quem passava pela rua e identificava ser ali a casa do rapaz, que vivia com a avó, Ignez, de 80 anos, tentava buscar com taxistas e vizinhos alguma explicação para o crime. ?Era aparentemente normal, tranqüilo, nunca vi nada de diferente?, disse um porteiro do condomínio. O corpo tatuado ? são 31 ao todo ? rendeu-lhe o apelido de "Gibi". Por onde passava, chamava a atenção. Tanto pelos desenhos quanto pela força. ?É um cara bombado, mas nunca vi fazer mal a ninguém?, disse um taxista. Um balconista de uma lanchonete na qual ele ia sempre, porém, discorda. Revela que Christian agrediu a namorada há cerca de um mês. ?Ele jogou café quente no rosto dela e saiu empurrando, no meio de todo mundo?, contou. ?Para mim, tem cara de psicopata.? Uma antiga amiga da família, a quem Christian se referia como sua ?tia? e ?segunda mãe?, mostrava-se transtornada com a revelação do crime. ?Como pode um jovem que cria peixes, que levou para casa um cachorro vira-latas que estava morrendo de fome, fazer uma coisa dessas? Não consigo acreditar, parece que a qualquer hora vou acordar desse pesadelo.? Segundo amigos, Christian não trabalhava e concluiu o ensino fundamental a ?duras penas?, num curso supletivo. ?Ele não era muito chegado aos estudos, mas isso não diz nada?, disse um amigo. ?Só não falo muito porque a polícia pediu para não falar.? Como não trabalhava, Christian, que é apaixonado por motocicletas, dava aulas de bateria e fazia ?bicos?. ?Ele conserta motos, procura se virar?, disse a amiga. Foi na casa dela que Christian procurou um chá para se acalmar no dia seguinte ao crime. ?Ele disse que estava estressado. Mas era impossível desconfiar de alguma coisa.? Vendo as notícias do crime pela TV, o rapaz chegou a comentar que os ?assassinos eram profissionais?. ?Ele é malucão sim, mas nunca fez mal a ninguém.? Christian, o irmão mais novo, Daniel, e a namorada dele, Suzane, costumavam conversar bastante na calçada do prédio com outros jovens da rua. ?São crianças grandes?, acrescentou a vizinha. Nenhum vizinho do sobrado numa viela tranqüila da Rua Brás de Arzão, perto do Aeroporto de Congonhas, também na zona sul, sabe quando a família começou a morar ali. Quem conhece há mais tempo, garante que isso faz mais de 25 anos. Há quem comente que se trata de uma família discreta, que nunca se envolveu em problemas. A notícia do crime foi recebida com surpresa pelos vizinhos. ?Nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse acontecer?, disse o dono de um bar bastante freqüentado por Christian e Daniel, que têm um irmão mais velho, Marco Aurélio, casado e de pouca conversa. ?Nunca vi esses meninos envolvidos com nada de errado, nem beber eles bebiam?, disse o dono do bar, apelidado por Christian de "Oclinhos". ?Ele vinha aqui todo dia de manhã comprar pão.? Outro morador, no entanto, disse que Christian, a quem os vizinhos chamam de "Gibi", costumava pegar papel de seda nos bares da região para enrolar cigarros de maconha. ?Gibi" e Daniel são calados. Falam o necessário.? Ninguém sabe dizer exatamente qual era o meio de vida da família, que tem na garagem um Palio ? que seria de Daniel ? e um Maverick. De acordo com amigos de Daniel, que estiveram em sua casa nesta sexta-feira para saber novas informações, ele não trabalha. Astrogildo, o pai de Christian e Daniel, segundo vizinhos, é um homem pacato, mas que de alguma forma acobertava os erros dos filhos. ?É difícil você dizer que eles acordaram um dia e resolveram praticar o crime. Isso vem de falhas da formação, é um erro na educação, que vem desde a infância?, opinou uma moradora. "Gibi", segundo pessoas que o conheciam de vista, tinha um relacionamento estreito com traficantes da Favela do Buraco Quente, perto do Aeroporto de Congonhas. ?Já vi gente vindo aqui cobrá-lo por dívidas?, comentou outro morador. Daí a estranheza do aparecimento da moto Suzuki 1.100, que teria custado R$ 12.400,00, na casa dos pais e na casa da avó Ignez. ?Só quando vi a moto comecei a suspeitar de que pudesse haver ligação nesse plano macabro?, revelou uma vizinha da avó. A mãe dos jovens está muito doente, segundo uma amiga de Ignez. Um vizinho diz que não a vê há aproximadamente sete dias. Segundo outro vizinho, ela não costumava sair muito de casa. ?Acho que foi uma mãe ausente. O que o Astrogildo falava era a regra?, disse. Moradores próximos da família suspeitam de que os telefones da vizinhança estejam grampeados. ?É só tirar o fone do gancho que dá para perceber.? Para outra vizinha, Suzane estaria tentando jogar a culpa do crime no namorado para se livrar da prisão. ?O problema é que ela é rica e pode pagar um bom criminalista. E eles?" Acompanhe toda a história nos links abaixo. » Quinta, 31/10: Casal é assassinado no Campo Belo » Para vizinhos, casal era "simpático e reservado" » Sexta, 1/11: Policiais investigam namorado e filha do casal » Segunda, 4/11: Filha do casal depõe pela segunda vez » Terça, 5/11: Polícia volta à mansão do casal assassinado » Quarta, 6/11: Para Polícia, casal foi assassinado por vingança » Quinta, 7/11: Preso o irmão do namorado da filha » Sexta, 8/11: Pedida prisão de suspeito de matar o casal» A Polícia conclui: Suzane, a filha, tramou o assassinato»Assassinos do casal têm prisão provisória decretada» Polícia encontra material furtado da mansão do casal

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