Irmão de Escadinha não vai a enterro por falta de escolta

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Por Agencia Estado
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A presença do irmão de Escadinha Paulo César dos Reis Encina, o Paulo Maluco, preso no presídio Ary Franco, era esperada no enterro do ex-traficante. Mas a Secretaria de Administração Penitenciária disse que não dispunha de carros suficientes para escoltá-lo e ele não foi liberado. Cerca de 300 pessoas compareceram ao cemitério de Irajá, na zona norte do Rio, entre parentes, amigos e moradores do Morro do Juramento, onde ele foi chefe do tráfico de drogas. Na saída, uma equipe de reportagem do jornal carioca "O Dia" foi assaltada por dois homens armados numa moto, que levaram o equipamento do fotógrafo. Tiros e música No momento do sepultamento, foi ouvido barulho de tiros, que teriam sido disparados numa favela próxima ao cemitério. Os participantes cantaram o samba "Meu bom juiz", composto por Bezerra da Silva em homenagem a Escandinha e repetiram "ei, ei, ei, Escadinha é nosso rei", além de hinos evangélicos - religião seguida pelo criminoso, morto numa emboscada na quinta-feira. A mulher do traficante, Rosemar Afonso Matheus Encina, gritou: "Eu sinto muito orgulho dele. Ele estava trabalhando. Não quis voltar para o crime e por isso morreu." Outra mulher do grupo disse: "Ele botou as crianças na creche. Elas amavam o Zé Carlos, chamavam ele de Zeca". Cerca de 30 coroas de flores foram mandadas em sua homenagem, a maior parte de comunidades carentes e familiares. Algumas custaram até R$ 1.000, segundo calcularam agentes funerários. Taxi e creche Preso por crimes como tráfico, associação para o tráfico, assalto e formação de quadrilha, atualmente em regime semi-aberto, Escadinha vinha se dividindo entre o trabalho na cooperativa de táxi Rio Elite Service, da qual era vice-presidente, e na creche Centro Comunitário Príncipe da Paz, no Morro do Juramento, mantida por ele. Crianças da creche estiveram no enterro, levadas pelas mães. Amigos do bandido disseram que ele estava mesmo afastado do crime. "Pelo que eu via todos os dias, não acredito que ele tivesse voltado para o crime. Pelo contrário, ele buscava ajudar pessoas vindas de presídios a se regenerar", contou Carlos Brandão, que se disse relações-públicas da cooperativa de taxistas. Ele afirmou desconhecer desavenças da firma. O velório começou ainda na noite de quinta-feira. O sepultamento, num carneiro alugado por três anos, a R$ 18 mil, foi esperado durante toda a sexta-feira - estava marcado inicialmente para as 13 horas e foi adiado diversas vezes, vindo a acontecer por volta das 16 horas. Assalto A equipe de "O Dia" foi assaltada assim que deixou o cemitério. Dois homens colocaram armas na cabeça do repórter Bruno Menezes e do fotógrafo Fábio Gonçalves, que teve a máquina fotográfica e lentes roubadas. Eles não souberam informar se a dupla participara do enterro. Dois policiais à paisana que acompanharam o sepultamento intervieram e trocaram tiros com os bandidos. Ninguém se feriu. Não houve reforço da Polícia Militar no entorno ou dentro do cemitério, ao contrário do que normalmente acontece quando criminosos famosos são enterrados no Rio.

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