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Iruan começa a voltar ao Brasil

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Por Agencia Estado
Atualização:

O menino brasileiro Iruan Ergui Wu, de oito anos, foi entregue pelo tio paterno Huer Eam Wu à Justiça de Taiwan nesta segunda-feira. Ele vai passar os dois próximos dias num hotel de Kaoshiung, em companhia de uma tia taiwanesa e do representante comercial do Brasil em Taipé, Paulo Antônio Pereira Pinto. O período servirá de adaptação à nova companhia para a viagem de 40 horas e três escalas ? Hong Kong, Johannesburgo e São Paulo - a Canoas, no Rio Grande do Sul. O embarque está previsto para esta quarta-feira. /AP Pereira Pinto é o representante legal em Taiwan da avó da avó materna, Rosa Leocádia Ergui, que detém a custódia do garoto. As notícias de Taiwan, repassadas por Pereira Pinto à avó por telefone, só trouxeram alívio à família brasileira às 14 horas (de Brasília), quando o menino chegou ao Tribunal de Justiça de Kaoshiung, acompanhado por familiares, para cumprir as formalidades legais antes de ser encaminhado ao hotel. Durante toda a manhã, a família brasileira acompanhou com apreensão a descrição que Pereira Pinto fazia das imagens da televisão taiwanesa, que transmitiu ao vivo as tentativas da polícia de tirar Iruan da casa onde vivia, tanto por vias diplomáticas quanto pelo uso da força. O próprio Pereira Pinto disse que viu cenas ?de chorar? quando os policiais tentaram arrastar Iruan e os familiares seguraram o garoto, inclusive pelas pernas. Em outros momentos, Iruan, já no meio dos policiais, conseguia escapar e correr de volta para o meio dos tios e vizinhos. Depois de 11 horas de negociação e tumultos, as autoridades conseguiram convencer os familiares a cumprir a decisão judicial de dezembro e entregar o menino. Se Iruan ficasse retido na aldeia de Chiehting seria o quinto adiamento da execução da sentença. Aliviada com o desfecho, a avó não escondeu a emoção e entre lágrimas anunciou que Iruan será recebido com muito amor e carinho. Guardada há dias, a faixa com os dizeres ?Iruan, nós te amamos, seja bem-vindo? enfim foi estendida diante da casa, em Canoas. A alegria de Rosa Leocádia, no entanto, continua contida. Depois de tantas reviravoltas que o caso já teve, ela só quer comemorar mesmo quando abraçar o garoto no aeroporto Salgado Filho. É certo que o primeiro contato será em sala fechada e terá a presença de pelo menos dois familiares orientais que acompanharão Iruan na viagem. A avó disse que já tem tudo organizado ? casa, quarto, brinquedos e festa - para receber o menino, mas será cautelosa para adaptá-lo novamente ao lugar onde ele viveu seus primeiros cinco anos. ?Vai depender dele, da maneira que ele agir?, explica Rosa Leocádia. O caso Iruan começou há quase três anos, em março de 2001, quando o marinheiro Teng-Shu Wu levou o menino para conhecer os parentes em Taiwan. Iruan já era órfão da mãe, a brasileira Marisa Ergui Tavares, e vivia com a avó, em Canoas, a quem a guarda havia sido repassada por Wu. Logo depois da viagem, o marinheiro morreu de um mal súbito e o tio Huer Eam Wu decidiu reter o menino. A família brasileira travou uma batalha judicial nos tribunais de Taiwan para reaver Iruan. Em dezembro passado, em última instância, ganhou o processo. Desde então a família taiwanesa se recusava a cumprir a decisão da Justiça.

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