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Isabella e Eloá são homenageadas

Ana Carolina rezou pela filha ao lado de 1.500 pessoas; no ABC, tristeza e protestos no túmulo

Por Lais Cattassini e Luisa Alcalde
Atualização:

Pelo menos 2 milhões de pessoas foram aos cemitérios paulistanos, no fim de semana de Finados, de acordo com o Serviço Funerário. Como já é tradição, os jazigos de "santos populares" estiveram bastante movimentados - de cada dez pessoas que foram ao Cemitério de Santo Amaro (zona sul), por exemplo, sete passaram pelo túmulo do ex-morador de rua Bento do Portão. Este ano, porém, os túmulos mais procurados em alguns locais lembraram grandes tragédias - como as de Isabella Nardoni, de 5 anos, e Eloá Pimentel, de 15. O movimento foi grande no Parque dos Pinheiros, no Jaçanã, zona norte da capital, onde Isabella foi sepultada. A garota morreu em 29 de março, depois de cair do 6º andar do Residencial London, na Vila Isolina Mazzei, zona norte. Ontem, só a missa campal reuniu ali 1.500 pessoas. Amparada pelo olhar carinhoso da enteada Gabriela, de 3 anos, Ana Carolina Oliveira visitou a sepultura da filha - enfeitada com flores, velas, brinquedos e doces. "Diariamente as pessoas me abraçam e oferecem apoio. É um conforto." Ana Carolina estava acompanhada do namorado, dos pais e dos irmãos. Durante a cerimônia, os visitantes cantaram Eu Sei que Vou Te Amar, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, para homenagear os Oliveiras. "Venho aqui sempre que posso", disse Ana Carolina. Ela preferiu não comentar a decisão do 2º Tribunal do Júri, que manteve na sexta-feira a prisão do pai de Isabella, Alexandre Nardoni, e da madrasta, Anna Carolina Jatobá, acusados de terem jogado a criança pela janela. O casal deve ir a júri popular no próximo ano. Muitos que acompanharam a tragédia pela mídia aproveitaram o domingo para prestar homenagens à menina. A dona de casa Lourdes Pacheco, de 75 anos, levou flores para enfeitar o túmulo. "A gente não conhece, mas se comove com a história", afirmou. A doméstica Irene Rodrigues Carvalho, de 66 anos, trouxe dois vasos de flores brancas e dois maços de vela. "Fiz um pedido à Isabella e ela atendeu", contou. "Ela será uma criança milagreira." O cemitério que recebeu o maior número de visitantes na capital foi o da Vila Formosa, na zona leste. Com 760 mil m² e 87 mil sepulturas, é considerado o maior do Brasil e teve um movimento de 350 mil pessoas. Já quem compareceu ao Cemitério da Consolação recebeu um livreto com a história do local e um mapa com a localização das personalidades ali enterradas. Também foram entregues pelo Serviço Funerário folhetos com dicas para o combate à dengue. ELOÁ Outra morte que ainda causa comoção é de Eloá Cristina Pimentel, no mês passado. O túmulo da garota foi bastante visitado neste domingo. Curiosos, amigos e vizinhos se aglomeravam para deixar flores, faixas, cartas com mensagens e até uma flâmula do time do São Paulo sobre o jazigo da família no Cemitério Santo André, no ABC. Muitos tiravam fotos pelo celular. Grupos de pessoas rezavam pela menina e conversavam sobre o desfecho trágico do episódio, que terminou com a adolescente assassinada pelo ex-namorado, Lindembergue Alves, de 22 anos, após o mais longo cárcere privado da história de São Paulo. Ontem, o motoboy Admilson Nascimento, de 30 anos, saiu cedo de casa, na capital paulista, para ir até Santo André. Ele deixou uma mensagem em quatro páginas para a menina, que não conhecia, sobre o túmulo. "Acompanhei tudo pela TV e fiquei comovido", justificou. Bastante emocionada, a dona de casa Maria do Socorro Estima da Silva Simões, de 57 anos, chorou muito na frente da sepultura. "Pensei tanto que ela sairia com vida dali", repetia, em voz alta. "Que Deus tenha misericórdia dessa mente fraca", dizia, em relação a Lindemberg Alves. Já o radialista Hélio Sécio, de 70 anos, aproveitou a movimentação no local para exibir um cartaz e protestar contra a morte do filho, Hélio Júnior. Ele permaneceu horas sentado ao lado do túmulo da jovem, sob sol forte. Hélio Júnior foi executado com seis tiros em 1997 e seu assassino, segundo o pai, segue em liberdade. NAYARA Melhor amiga de Eloá e refém por duas vezes de Alves, que a baleou na boca, a garota Nayara, de 15 anos, era esperada no cemitério. Mas ela não apareceu. Segundo a família de Nayara, a jovem estaria em Indaiatuba, no interior paulista. Seguranças do cemitério disseram que parte da família da menina esteve no local no sábado. COLABOROU EDISON VEIGA

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