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Italiano diz que decisão é ''contra sentido de Justiça''

Em nota, Berlusconi firma ''compromisso de continuar a batalha para que Battisti'' seja mandado de volta ao país

Por Andrei Netto
Atualização:

A decisão de Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Cesare Battisti causou indignação na Itália. "É uma posição contrária ao mais elementar sentido de Justiça", protestou em nota o presidente do Conselho da Itália, Silvio Berlusconi. "Gostaria de expressar minha profunda tristeza e pesar pela decisão tomada pelo presidente Lula de negar a extradição do assassino Cesare Battisti, apesar dos repetidos apelos e pressões em todos os níveis do lado italiano."O premiê também lembrou os parentes de vítimas do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), ao qual Battisti pertenceu. "Expresso às famílias das vítimas a minha solidariedade, minha proximidade e o compromisso de continuar a batalha para que Battisti seja entregue à Justiça italiana", disse Berlusconi, que se recusa a considerar o caso encerrado. "A Itália não vai desistir de fazer valer seus direitos em todos os níveis."Entre familiares de vítimas dos "anos de chumbo", o sentimento é de desilusão. O meio político italiano expôs sua contrariedade tão logo a decisão foi anunciada. Em Milão, Sabina Rossa, de 48 anos, deputada do Partido Democrático e filha do sindicalista Guido Rossa, executado por outro grupo extremista italiano em 1979, as Brigadas Vermelhas, lamentou a decisão de Lula, mas também lembrou a responsabilidade conjunta da França, que havia negado a extradição de extremistas de esquerda da Itália nos anos 90. "O Brasil e Lula têm uma grande responsabilidade, mas é preciso dividi-la. A França abriu o precedente usado pelo governo brasileiro e, portanto, tem uma parte da responsabilidade", disse ao Estado. Para Sabina, o argumento da perseguição política é lamentável. "É uma ofensa. A Itália é uma democracia. Somos um país que respeita os direitos humanos."Se na Itália a repercussão foi negativa, na França, onde Battisti viveu por mais de uma década, a recusa em extraditá-lo foi comemorada. "É uma linda decisão", elogiou Éric Turcon, ex-advogado do italiano em Paris. "Não se poderia deixar trancafiado alguém durante 30 anos sem que ele jamais tenha tido a oportunidade de se explicar diante dos juízes."

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