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<i>Veja</i> acusa Thomaz Bastos de participar de operação para blindar Lula

Segundo a revista, o ministro da Justiça colabora para tirar ex-assessor do presidente Lula, Freud Godoy, do foco das investigações

Por Agencia Estado
Atualização:

A revista Veja traz em sua edição desse fim de semana uma reportagem na qual acusa o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos de participar de uma operação para blindar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos efeitos do escândalo da negociação de um dossiê contra candidatos do PSDB. Segundo a revista, que centraliza a reportagem no ex-assessor especial de Lula Freud Godoy, Thomaz Bastos conversou com Godoy assim que o escândalo estourou e lhe indicou um advogado, além de cobrar diariamente esforços dos dois para fazer com que Gedimar Pereira, um dos presos com R$ 1,7 milhão, recuasse em suas declarações citando Freud Godoy como o mandante da compra do dossiê. A revista afirma que, tão logo Gedimar foi preso, o ministro telefonou para o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Geraldo José Araújo, para perguntar: "Isso respinga no Presidente?". Thomaz Bastos também teria, segundo a revista, se mobilizado para defender o governo depois da notícia divulgada pelo O Estado de S. Paulo dando conta de um depósito de 396.000 reais que teria sido feito pelo investidor Naji Nahas na conta bancária de Freud. Partiu do ministro Bastos a orientação final sobre a forma pela qual Freud e Nahas deveriam negar a história. A revista também afirma que a operação contou com a participação do tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, e José Carlos Espinoza, um ex-segurança de Lula que, como Godoy, era funcionário da Presidência da República e que se afastou do cargo para trabalhar na campanha de reeleição do petista. Segundo a Veja, Espinoza foi um personagem ativo na negociação para Gedimar dizer que foi pressionado pelo delegado que o prendeu a envolver Freud Godoy. Visita Citando um relato escrito por três delegados da Polícia Federal, a Veja diz que Espinoza e Freud, acompanhados de dois homens não identificados, fizeram uma visita a Gedimar na noite de 18 de setembro, quando ele ainda estava preso na carceragem da PF em São Paulo. A visita, segundo a revista, teria ocorrido fora do horário regular e sem um memorando interno a autorizando. "De acordo com o relato dos policiais, o encontro foi facilitado por Severino Alexandre, diretor executivo da PF paulista. O encontro ocorreu logo depois da acareação regular entre Freud e Gedimar, um encontro de cinco minutos que, segundo o relato oficial, transcorreu em silêncio da parte de Gedimar." A revista diz, ainda citando o relato dos policiais, que Severino teria acomodado os petistas em seu gabinete e determinado a Jorge Luiz Herculano, chefe do núcleo de custódia da PF, que retirasse Gedimar de sua cela. Herculano teria resistido, dizendo que o preso estava sob sua guarda e que não havia um "memorando de retirada". A reportagem afirma que o superintendente da PF, Geraldo José de Araújo, apresentou para a revista documentos que provariam que não há possibilidade de Freud Godoy ter visitado Gedimar no dia 18 de setembro. Nos documentos - registros manuscritos das visitas recebidas por Gedimar e de sua saída com destino à cidade de Cuiabá - não há nenhuma referência à entrada de Freud Godoy na carceragem do órgão. Segundo a revista, Freud Godoy não entrou mesmo na carceragem: foi Gedimar quem saiu para se encontrar com o segurança de Lula no gabinete de Severino.

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