Já choveu mais do que a média histórica em Campinas

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Por Agencia Estado
Atualização:

A incidência de chuvas em janeiro deste ano em Campinas, 95 quilômetros a noroeste de São Paulo, já é 37,5% maior do que a média histórica registrada no período, de 240 mililitros de água, conforme informações do Centro de Ensino e Pesquisa de Agricultura (Cepagri) da Universidade Estadual de Campinas. Mesmo assim, a falta de água em algumas cidades da região deverá repetir-se neste ano no período da seca, entre maio e agosto. De acordo com o pesquisador do Cepagri Jurandir Zullo, até esta quarta-feira, às 7 horas, havia chovido em Campinas 330 milímetros no acumulado do mês. Ele comentou que a ocorrência de chuva neste mês é a 22ª maior nos últimos 113 anos, desde que foi feita a primeira medição em Campinas. ?Chuvas como as de janeiro deste ano ocorrem uma vez a cada sete anos?, calculou Zullo. Segundo ele, as previsões indicam que o tempo somente deverá começar a melhorar nesta sexta-feira, último dia do mês. O coordenador do Grupo Técnico de Monitoramento Hidrológico do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, Sebastião Vainer Bosquilia, explicou que a alta incidência de chuvas neste mês ajudou a limpar os rios da região, removendo entulhos e lodos de poluição. ?A qualidade da água neste momento está excelente?, comentou. O Rio Piracicaba, em Piracicaba, apresentou nesta quarta-feira vazão de 377 metros cúbicos por segundo. No mesmo dia e mês de 2002, a vazão era de 303 m3/seg, e de 2001, 191 m3/seg. Na seca do final do ano passado, o Rio Piracicaba, em Piracicaba, chegou a registrar vazão de 15 m3/seg. O mesmo ocorreu com o Rio Atibaia, que depois de apresentar vazão de 7 m3/seg no final do ano passado, atingiu nesta quarta-feira, em Atibaia, 38 m3/seg, contra 16 m3/seg em 2002 e 15 m3/seg em 2001. Mas a farta precipitação não afasta o fantasma do racionamento e da baixa vazão, explicou Bosquilia. Assoreamentos, erosões, falta de mata ciliar, irregularidades no uso e ocupação do solo fazem com que a água passe rapidamente pelos rios, com pouca infiltração no solo, prejudicando a recuperação do lençol freático. Com isso, a vazão dos rios durante a estiagem fica muito abaixo do recomendado, como ocorreu no final do ano passado. O mesmo pode ocorrer neste ano, apesar da maior incidência de chuvas. Parte do problema poderia ser resolvida com construção nas margens dos rios de curva de nível, terraços vegetados e recuperação da mata ciliar, conforme Bosquilia, além do planejamento na ocupação do solo. ?Muito pouco é feito hoje?, disse. Ele acrescentou, porém, que também seria preciso construir barragens na região para estocar água na cheia e usar na estiagem. O coordenador lembrou que os projetos de barragens existem desde a década de 70, mas nunca foram viabilizados por falta de recursos. ?Seria necessário desapropriar amplas áreas em locais onde o terreno custa muito caro, além do preço da obra?, comentou. Cada uma custaria cerca de R$ 200 milhões, estimou Bosquilia, e pelo menos três seriam necessárias na região.

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