Já no treinamento, alertas sobre ''''pancadaria''''

Marronzinho diz que aprendeu a ser ?meio pai e psicólogo? diante de motoristas exaltados

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Por Fabiane Leite
Atualização:

O agente de trânsito E., de 31 anos, está há apenas quatro meses no serviço. Durante o curso de preparação para ir às ruas, foi alertado sobre o que teria de enfrentar. Além de receber dicas de segurança de tráfego, foi orientado a tomar cuidado com as reações violentas dos motoristas. "Agressões verbais?", questionou o novato. "Não, pancadaria mesmo", respondeu um instrutor. Mesmo com pouco tempo de experiência, E. diz que já aprendeu a ser "meio pai e psicólogo" nas ruas para conter os ânimos dos motoristas mais inconformados com multas. Trabalhando na fiscalização da Zona Azul, E. aproximou-se para ajudar um motorista que havia freado bruscamente em uma das ruas de Pinheiros, zona oeste da capital. De cara, recebeu em troca um olhar ameaçador. Em seguida, o motorista saiu do carro pronto para atacá-lo. Segundo ele, o homem estava furioso e só desistiu de agredi-lo quando ele lhe perguntou, em tom ameno: "Precisa de ajuda?" BOMBAS, KETCHUP E URINA Os tipos de agressão contra os marronzinhos são dos mais variados. A agente de trânsito C. diz que ela e suas colegas já foram atingidas por bombinhas utilizadas em festas juninas e tubos de ketchup e mostarda. "Até copos de água e urina já atiraram na minha cabeça." Há situações ainda mais inusitadas, conta C., como a do fiscal que tentou defender-se de socos e chutes de um motorista com a prancheta onde anotava as multas e acabou processado por agressão. Para encarar esses riscos, um marronzinho começa ganhando R$ 1.173,95. Dos 1.664 agentes da capital, os homens ainda são maioria - 81%. A exclusividade de mulheres na fiscalização da Zona Azul já é passado, e atualmente os agentes podem, em tese, executar todos os tipos de fiscalização no trânsito.

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