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Jobim cede e revê limite de vôos

Vôos com origem ou destino em Congonhas poderão ter 1,5 mil km na alta temporada

Por Tania Monteiro e Bruno Tavares
Atualização:

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, cedeu à pressão das empresas aéreas e autorizou a ampliação do raio de vôos a partir do Aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, subindo de mil quilômetros para 1.500 quilômetros no período de alta temporada - de 1º de dezembro a 15 de março. A flexibilização anunciada ontem por Jobim atende ao interesse comercial das companhias, que se queixavam de não conseguirem atender a Região Nordeste partindo de Congonhas. Agora, poderão chegar até Cuiabá, em Mato Grosso, e Salvador, na Bahia, dois destinos "rentáveis" que estavam fora do perímetro. A decisão foi precipitada pela pressão política exercida pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). Segundo assessores do Planalto, o petista chegou a reclamar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da restrição imposta ao aeroporto paulista. Na conversa, Wagner falou sobre o impacto negativo para o turismo. Em visita à Bahia na semana passada, Jobim já havia dito a políticos locais que encontraria uma solução. O Ministério da Defesa frisou que permanece a regra de que vôos com origem ou destino em Congonhas têm de ser "ponto a ponto". Também manteve a proibição de escalas e conexões. Para o diretor de Segurança de Vôo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, essas restrições também deveriam ser revistas. "Um aeroporto sem conectividade é muito ruim", disse o especialista. Segundo ele, a decisão de Jobim está de acordo com as diretrizes do Plano de Desenvolvimento da Aviação Civil, de 1997. "Esse limitação de mil quilômetros não fazia sentido." Na segunda-feira, o Estado mostrou que, aproveitando brechas de uma portaria mal escrita, as companhias driblam a restrição e fazem vôos de Congonhas para qualquer lugar do País. Elas simplesmente dividiram o vôo - agora são dois bilhetes - e introduziram uma conexão relâmpago. Em muitas conexões, feitas num aeroporto no perímetro permitido, como Galeão (RJ), Confins (MG) ou Brasília, o passageiro nem desce do avião. A prática foi flagrada em dois vôos da TAM. Eles saíram de Congonhas para Cuiabá (a 1.360 quilômetros) e Salvador (a 1.468 quilômetros). As restrições, impostas pelo Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac), foram pensadas no calor da tragédia do Airbus da TAM, em 17 de julho, que deixou 199 mortos, após varar a pista do aeroporto paulistano. Três dias depois, o Conac determinou que Congonhas deixaria de ser um ponto de escalas e de conexão de vôos e limitou os percursos a mil quilômetros. A idéia era desafogar a pista mais movimentada do País e reforçar a segurança. COLABOROU MARIANA BARBOSA

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