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Jobim é mais um do governo FHC na equipe de Lula

Lista de antigos colaboradores tucanos inclui ministros e líder no Senado

Por Marcelo de Moraes e BRASÍLIA
Atualização:

Ao entrar na equipe do presidente Lula, Nelson Jobim se junta a uma extensa relação de colaboradores do ex-presidente Fernando Henrique que hoje incorporam suas idéias políticas ao governo petista. A nomeação é mais uma prova do aprofundamento de um perfil de governo que mistura a falta de quadros disponíveis no PT com uma adaptação do discurso pregado no tempo de oposição. A necessidade de encontrar políticos ou técnicos para tocar a máquina fez Lula procurar cada vez mais soluções longe do PT. E a maioria vem dos governos FHC (1995 a 2002). Além de Jobim, que foi seu ministro da Justiça, integram a lista os ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (ex-ministro da Previdência), das Cidades, Márcio Fortes (ex-secretário-executivo da Agricultura) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que ocupou a mesma vaga na gestão anterior. Lula tem feito também escolhas técnicas. Após a reeleição, demorou meses para indicar vários ministros, satisfeito com o resultado de técnicos - a maioria de fora do PT - que ocuparam interinamente as pastas. O presidente tem até nomeado ministros que o criticaram duramente no passado, como o titular da Secretaria Especial de Projetos de Longo Prazo, Mangabeira Unger, que, em artigo, disse que o governo Lula era "o mais corrupto da história". ERRO O próprio Lula admite a aliados que foi um erro formar um ministério essencialmente de petistas no primeiro ano de governo. Boa parte dos postos foi entregue como prêmio de consolação por derrotas nas eleições regionais. O presidente percebeu que essa prática podia até contemplar amigos de partido, mas não era garantia de bom funcionamento da máquina. Esse comportamento de Lula também explica mudanças no discurso e algumas medidas tomadas desde que assumiu. Há cerca de dez dias, provocou surpresa ao enviar ao Congresso proposta que prevê a contratação de servidores públicos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A oposição classificou a idéia como a retomada de pontos da reforma administrativa de FHC, na época contestada duramente pelo PT. No fim do ano, Lula já surpreendera ao elogiar a economia do governo do general Emílio Garrastazu Médici. "Se analisarmos outros dois períodos da história brasileira, vamos perceber o milagre brasileiro, entre 1968 e 1973, no governo do presidente Médici, que, do ponto de vista eminentemente de crescimento econômico, não tem similar", afirmara. DO GOVERNO FHC PARA O LULA Nelson Jobim: foi ministro da Justiça de FHC e agora assume o Ministério da Defesa de Lula Deputado Reinhold Stephanes (PMDB-PR): ex-ministro da Previdência Social com FHC e atual ministro da Agricultura de Lula Márcio Fortes: foi secretário-executivo do Ministério da Agricultura no governo FHC. Lula nomeou Fortes primeiro como secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento e hoje é Ministro de Cidades Senador Romero Jucá (PMDB-RR): líder do governo no Senado tanto com FHC quanto com Lula (após ser ministro da Previdência) Henrique Meirelles: foi deputado federal eleito pelo PSDB em 2002 e nomeado por Lula para a presidência do Banco Central Roberto Rodrigues: pediu votos para a campanha presidencial de José Serra, candidato apoiado por FHC para sua sucessão em 2002. Logo depois, foi indicado por Lula para o Ministério da Agricultura Ronaldo Sardenberg: foi ministro da Ciência e Tecnologia de FHC e é o atual presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) Jerson Kelman: foi presidente da Agência Nacional de Águas no governo FHC e se manteve no cargo durante o governo Lula. Hoje é o diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) Fernando Bezerra: foi ministro da Integração Nacional de FHC. Liderou o governo Lula no Congresso e só deixou o cargo porque não foi reeleito para o Senado em 2006. Seu nome chegou a ser pensado para comandar a Infraero durante a crise aérea Renan Calheiros: foi ministro da Justiça de FHC. Até ser aberta a investigação pelo seu suposto envolvimento irregular com a empreiteira Mendes Júnior era o principal aliado de Lula no PMDB

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