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Jobim exige mais espaço em aviões

Segundo ministro, Anac cobrará de empresas aumento de espaço entre poltronas; assunto é ?estudado? há 3 anos

Por Tania Monteiro e Renata Veríssimo
Atualização:

Depois de sete anos de boom da aviação, o governo determinou ontem que as empresas revejam a prática de reduzir sistematicamente o espaço entre poltronas para transportar mais passageiros. A decisão, que amplia o conforto e fará os aviões voarem menos lotados, foi anunciada na CPI do Apagão do Senado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, 1,90 metro de altura, 110 quilos e um passageiro assumidamente incomodado com o desconforto na classe econômica dos aviões. Jobim também defendeu a aplicação de multas mais pesadas às empresas, "economicamente eficazes", para garantir a pontualidade de vôos. Segundo ele, muitas vezes as companhias fazem a conta para ver se compensa colocar passageiros em outro avião ou atrasar os vôos e pagar a multa. "Então temos que pensar nisso no sentido de criar a responsabilidade." Além da pontualidade, ele definiu como paradigmas da prestação do serviço, que serão exigidos pelo ministério, segurança e regularidade. Sobre as poltronas, o ministro disse que determinou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que reveja o "espaço vital" entre as poltronas dos aviões, assim como a espessura dos encostos. "O espaço vital, que é o espaço entre as poltronas, está absolutamente reduzido, comprimido", afirmou Jobim, admitindo que, por sua altura, "tem dificuldade" durante os vôos. "As empresas diminuíram até a espessura do encosto dos assentos para suportar o aumento drástico no número de passageiros", disse. "Se o cidadão colocar uma garrafa de água na bolsa da poltrona, a pessoa que está na frente terá as costas agredidas na espinha." A indústria aeronáutica tem fabricado poltronas cada vez mais resistentes e finas. Mas as companhias, em vez de usar esse ganho para liberar espaço para os passageiros, adotaram a política de ampliar a quantidade de fileiras de poltronas. Até 1999, o Brasil contabilizava cerca de 5 milhões de passageiros por ano (em número de CPFs de compradores), com a venda de 16 milhões de passagens. Em 2000, o número de passageiros cresceu para 15 milhões, com cerca de 40 milhões de passagens vendidas. Foi no rastro dessa popularização que a TAM se firmou como líder do mercado e a Gol nasceu, em 2001. "O aumento de número de vôos foi inferior ao crescimento da demanda." A Assessoria de Imprensa da Anac afirmou ao Estado que não recebeu nenhuma comunicação formal de Jobim sobre a questão das poltronas. Mas garantiu que, desde 2005, ano anterior à criação da agência, autoridades aeronáuticas fazem estudos sobre o problema. "Os estudos estão em fase de conferência dos dados fornecidos pelas empresas sobre o espaço dos passageiros nas aeronaves." Ou seja: há três anos o assunto está "em estudo". Jobim disse, ainda, que o Brasil é o único país cujas empresas não compram aviões da Embraer, menores, destinados a vôos regionais, porque tem preferido fazer vôos mais longos, comprimindo passageiros. "É preciso ter espaço para a aviação regional."

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