Jornal inglês acha que petista tem início ''encorajador''

Em editorial, ''Financial Times'' destaca postura de Dilma contra o Irã e seu empenho em enxugar as despesas públicas

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Por Daniela Milanese
Atualização:

O diário britânico Financial Times afirmou ontem, em editorial, que a presidente Dilma Rousseff teve um início de governo "encorajador" em razão das posições que já diferenciam sua administração da anterior, de por Luiz Inácio Lula da Silva. Para o jornal, o primeiro mês de governo de Dilma deixou claro que "foram apressadas" as previsões de que ela nada mais seria que uma continuação do governo Lula. Ao contrário, Dilma "rompeu com as políticas de seu antecessor de várias maneiras animadoras". Na avaliação do editorial, Dilma "fez um começo sólido", que surpreendeu a muita gente experiente nos mercados financeiros.

 

O novo tom nas relações com o Irã foi um dos assuntos destacados pelo texto. Para o FT, a aproximação com Irã foi um dos mais problemáticos momentos do governo Lula, assim como sua recusa a criticar os abusos cometidos contra os direitos humanos pelo governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad. A nova presidente "está revertendo essa posição", ressalta o editorial. Ela acertou ao criticar a postura do governo anterior por não condenar os apedrejamentos praticados no Irã. É uma nova posição que pode facilitar a aproximação do Brasil com os Estados Unidos. O FT acrescenta, porém, que essa aproximação só avançará se Brasília encarar de maneira mais séria as evidências de que o programa nuclear iraniano não tem só objetivos civis. Política interna. O editorial analisa, ainda, os caminhos adotados pelo novo governo brasileiro na política interna. Ela acertou, segundo o texto, ao optar por políticas destinadas a diminuir os gastos públicos, que tinham aumentado bastante no governo anterior. Nessa linha, a presidente assegurou ainda "o menor aumento possível" do salário mínimo. Mas o jornal adverte que a lista de tarefas não termina aí. O nível de poupança necessita de estímulo e o sistema de impostos precisa ser simplificado. O Financial Times entende que a presidente brasileira "não deve se desviar desse caminho", mesmo sabendo que terá pela frente fortes pressões dos partidos aliados, interessados em cargos e em aumentar os gastos.

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