Jornal inglês destaca relação entre tráfico e religião no Rio

'The Guardian' publica artigo de produtor do documentário 'Dançando com o Diabo', ainda não lançado no Brasil

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

O site do jornal inglês The Guardian publicou na quinta-feira, 5, artigo de seu correspondente no Brasil, Tom Phillips, que explora a relação entre o tráfico de drogas e pastores evangélicos nos morros do Rio de Janeiro, em um cenário de “solidão, paranoia e violência implacável”. O tema foi aprofundado no documentário Dançando com o Diabo, produzido por Phillips e ainda não lançado no Brasil.

 

Veja também:

PUBLICIDADE

 

“A favela que eu controlo tem a palavra de Deus em todos os lugares”, afirma na reportagem Márcio da Silva Lima, ex-chefe do tráfico da comunidade Vila Aliança e conhecido como “Tola”. Ele disse que os evangélicos ajudaram a reduzir a violência na favela sob seu controle, auxiliando aqueles que tinham quebrado as regras dos traficantes, como não roubar, não estuprar e não falar.

 

Phillips também conta a vida do traficante Juarez Mendes da Silva, ex-líder do tráfico no Complexo da Coreia. Conhecido como “Aranha”, foi morto em março durante uma operação da polícia, seis meses após ter conversado com o jornalista. A entrevista ocorreu durante um passeio no carro de "Aranha" pelas ruas estreitas do complexo, onde moram cerca de 60 mil pessoas. Na época, o traficante do Terceiro Comando Puro tinha 28 anos e controlava 15 comunidades.

 

“Sei que a vida que levamos não está certa”, afirma. “Mas não estamos batendo na porta de ninguém para vender nada. Somente aqueles que querem drogas a compram. E nós não vendemos para crianças”, diz "Aranha". Ele levava consigo um rifle M-16 e liderava uma milícia de 200 jovens com armas pesadas, segundo o texto.

 

A reportagem lembra como o êxtase do Rio por ser escolhida cidade olímpica de 2016 foi interrompido duas semanas depois, com a queda de um helicóptero da polícia durante confronto com traficantes. E traz um dado da ONG Observatório das Favelas, que estima em 40 mil o número de homicídios na cidade até 2016, dos quais seis mil por “resistir à prisão”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.