Jornal se diz perseguido por prefeito no litoral paulista

Dono do jornal diz que reportagens sobre um contrato da prefeitura com uma ONG por R$ 7 milhões motivaram a perseguição

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma seqüência de denúncias publicadas contra a administração municipal nos últimos meses e um jornal ameaçado de ter suas atividades encerradas por supostas irregularidades apontadas pela prefeitura. O que para a prefeitura de São Sebastião, no litoral norte paulista, é uma coincidência e a necessidade de se fazer cumprir a lei, para um dos donos do jornal Imprensa Livre, Igor Veltman, é uma tentativa do prefeito Juan Pons Garcia (PPS) de censurar o diário e desviar o foco das reportagens. "Ele (o prefeito) tenta criar musculatura para atemorizar o jornal. Acho que errou, não só por não conseguir, como por acabar vestindo a carapuça de perseguidor", diz Veltman, que conseguiu uma liminar na Justiça para evitar o fechamento da empresa por conta de dois autos de infração emitidos pela prefeitura há cerca de duas semanas. Veltman se diz surpreso em particular por conta de uma das determinações, que impede o funcionamento de uma gráfica no bairro onde o jornal está instalado. "Temos alvará da prefeitura há 14 anos. Não mudamos de endereço nem a legislação mudou", afirma. O jornalista associa as autuações à perseguição por conta de reportagens publicadas sobre um contrato da prefeitura com uma ONG por R$ 7 milhões. Além do auto de infração sobre zoneamento da cidade, há outro sobre a exigência de um laudo do Corpo de Bombeiros que, segundo ele, já foi providenciado. "O prefeito começou a procurar meios de cortar o oxigênio do jornal. Aí recorreu aos meios financeiros." Contrato Até o ano passado, o Imprensa Livre mantinha contrato com a prefeitura para a publicação de editais. Segundo Veltman, Juan cancelou o acordo antes do vencimento - o município passou a publicar seus informes num boletim próprio e em outros jornais. Veltman foi assessor de imprensa do ex-prefeito Paulo Julião (PSDB). A prefeitura nega a perseguição e informou, por meio de nota, que a empresa foi notificada por falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Um dos fiscais constatou que havia máquinas de impressão na sede do jornal, o que é proibido pela lei de zoneamento. A prefeitura informou que vai encaminhar à Justiça cópia da lei que sustenta a autuação.

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