Jornalista entra em coma após lipoaspiração

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho Regional de Medicina abre hoje sindicância para apurar o caso da jornalista Renata Siqueira Rodrigues Nacif, de 21 anos, que entrou em coma após uma lipoaspiração, na última quinta-feira. Ela sofreu hipocistolia durante a cirurgia - o coração passou a bombear fracamente o sangue. Os médicos vão investigar se houve algum erro da equipe que operou Renata. Para o marido da jornalista, Eduardo Nacif, que era contra a lipoaspiração, o cirurgião Ricardo José Cunha foi "irresponsável", já que Renata deu à luz uma menina há quatro meses. O médico disse que seguiu todos os procedimentos, e ainda não sabe o que houve com a jornalista. Cunha disse que, no pré-operatório, a paciente respondeu um questionário de quatro páginas para que o médico pudesse avaliar o risco cirúrgico. Nesse documento, Renata teria omitido pelo menos três pontos: que teve um quadro de pré-eclâmpsia durante a gravidez, tomava remédios para emagrecer e que ainda estava amamentando. "Não posso avaliar a determinação em alcançar o bem-estar, a alto-estima. Ela era insistente em querer fazer a cirurgia, a ponto de omitir do pai e do marido que seria operada", disse o médico, ao ser questionado sobre a vaidade de Renata. Cunha disse ainda que a pré-eclâmpsia não seria um fator de risco. "Em toda cirurgia há o impoderável". Eduardo Nacif disse não acreditar que a mulher tivesse omitido que estava amamentando. "Ela tem tanto leite que os médicos estão tendo que retirar o leite na UTI", contou. Ele também negou que a Renata tomasse remédios para emagrecer. "A gente não sabe o que aconteceu e não está acusando ninguém. Mas não vamos tolerar mentiras", disse. Renata é mãe de uma menina de 4 meses, tem 1 metro e 57 centímetros de altura e pesa 56 quilos. Ela engordou 21 quilos durante a gravidez e disse para a mãe que temia perder o marido, caso não emagrecesse rapidamente. A jornalista começou a procurar cirurgiões plásticos desde que sua filha tinha um mês e meio de vida. Dois profissionais recusaram-se a operá-la. Um deles, segundo a família, foi o médico Roberto Ferraz de Andrade. "Eu não faço (a cirurgia) e a maioria não faz quando a mulher teve bebê há pouco tempo e ainda está amamentando. Não porque tenha alguma contra-indicação clínica, mas porque o resultado não é bom", disse. Ricardo José Cunha também se recusou a operar Renata, quando foi procurado há um mês. Ele teria orientado a paciente a esperar mais, já que a anestesia e os medicamentos interfeririam na amamentação. Cunha retirou 2,3 litros de gordura da barriga e das costas de Renata, porcentual menor do que o permitido (5% do peso da paciente). O presidente da SBCP, Luiz Carlos Garcia, disse que Cunha é um profissional conceituado e que nunca registrou queixa contra ele. "Não há problema em fazer cirurgia depois de quatro meses da gravidez". Ciúme Eduardo Nacif contou que a mulher decidiu fazer a cirurgia por ciúmes dele. "Ela é muito ciumenta, muito vaidosa e muito teimosa. Brigamos feio porque ela queria fazer a cirurgia. Ficamos sem nos falar por causa disso. Agora nada disso é importante. Eu só quero trazer a Renata de volta", disse Nacif, que está casado com a jornalista há 11 meses. Renata está no nível 4 de coma, numa escala que vai de 3 a 15, sendo 3 o índice de inconsciência mais grave. Ela responde a poucos estímulos e ontem foi submetida a uma ressonância magnética, para diagnosticar o grau da lesão. "Ainda não sabemos se o que ela sofreu é reversível ou não", diz Nacif. A família vai esperar o resultado do exame para saber se processa a equipe médica. Erros Quase um ano atrás, o pianista Luiz Carlos Vinhas, de 61 anos, morreu depois de uma cirurgia plástica malsucedida. Vinhas se internou para operar de uma hérnia abdominal e outra na virilha. No mesmo dia (22 de agosto) ele foi submetido a uma cirurgia para correção de rugas nos olhos e pescoço. Morreu após uma parada cardiorrespiratória. Dois meses depois, a arquiteta Anita Mantuano, de 48 anos, morreu após sofrer embolia pulmonar durante uma lipoaspiração. A modelo Cláudia Liz foi vítima de outra cirurgia plástica malsucedida. Em 1996, ela permaneceu quatro dias de coma por reação à anestesia.

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