Jovem desaparece no Acre e deixa mensagens criptografadas

Estudante está sumido desde o dia 27 de março; decifrar símbolos é o motivo de preocupação dos pais

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Por ITAAN ARRUDA
Atualização:
Estudante deixou livros antes de desaparecer Foto: REDE AMAZONICA ACRE

RIO BRANCO - O jovem estudante de psicologia Bruno Borges está desaparecido desde segunda-feira, dia 27 de março. Além da família apreensiva, deixou para trás uma obra literária de valor ainda não reconhecido. De acordo com os parentes, são 14 livros que estão criptografados, em uma linguagem que ele mesmo criou. "Mas, ele deixou a chave", diz a mãe, Denise Borges, empresária mineira, radicada no Acre. O estudo das quatro criptografias está acomodado em uma pasta. Decifrar os símbolos é objeto de preocupação dos pais agora.

"Hoje, eu sei que dentro desses livros deve haver uma riqueza imensa. Todos queremos saber o conteúdo. É complicado, mas é possível". Os pais já convidaram filósofos e historiadores para olhar o material. Mas, ainda não sentiram confiança suficiente para que a obra fosse avaliada. "Há outra criptografia em que ele não deixou (a chave)", lamenta Athos Borges, pai de Bruno. "Eu sei que na hora certa vai aparecer a pessoa que nos ajude a tocar isso pra frente. Isso não pode ser feito por uma pessoa qualquer".

No quarto de Bruno Borges, transformado em uma espécie de museu, há uma réplica da imagem de Giordano Bruno Foto: REDE AMAZONICA ACRE

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Poucos dias após o desaparecimento de Bruno, o pai, Athos Borges, gravou um vídeo em uma rede social. O vídeo fazia uma auto avaliação na relação pais e filho. Antes, os pais achavam que o filho tinha necessidade de algum tipo de tratamento psiquiátrico. "Hoje, não vejo assim. Até o psicólogo dele disse o seguinte: 'seu filho é uma pessoa normal com uma grande ideia'".

Segundo a Rede Amazônica, afiliada da TV Globo, toda a mudança no quarto aconteceu durante uma viagem de férias dos pais que durou 24 dias. De acordo com a irmã do rapaz, em entrevista à TV Globo, o jovem mantinha a porta trancada e não contava o que estava fazendo. O primo de Bruno, o oftalmologista Eduardo Veloso afirmou ainda à reportagem da Rede Amazônica que deu a Bruno R$ 20 mil.Ele teria pedido o dinheiro alegando que tinha algo muito importante para investir e que mudaria a vida das pessoas. 

Há inscrições nas paredes do quarto e em livros Foto: REDE AMAZONICA ACRE

Introspectivo e um leitor voraz, o jovem passou a não comer carne e ultimamente era vegano, segundo a família. Os pais entendem que essa mudança de hábitos foi uma espécie de preparação para a obra deixada. "As pessoas me criticam porque estou valorizando muito a obra e não mais o desaparecimento dele. Eu gostaria de encontrar com ele agora e dar um abraço nele. Mas, eu não vou forçar uma barra. Não é um sequestro. Ele saiu por conta própria. Ele sabe o que ele fez. A gente tem umas coisas que ele fez quando ele sumiu que foi uma coisa muito premeditada. Ele não quer ser encontrado agora e, se eu não estiver ficando louco, eu estou respeitando esse tempo dele".

Segundo a família, no quarto de Bruno Borges, transformado em uma espécie de museu, há uma réplica da imagem de Giordano Bruno, o filósofo italiano, vítima da inquisição. O desaparecimento do rapaz já foi informado a todas as forças de Segurança Pública, incluindo Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal, segundo a família. 

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