Jovem grava assédio em Uber no RS e motorista é banido da empresa

Adolescente repudiou investida, mas condutor insistiu: 'Não sou teu pai e faria coisas que teu pai não faria. Pode ter certeza'

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Por Lucas Rivas
Atualização:

PORTO ALEGRE - Uma adolescente de 17 anos gravou e divulgou um vídeo nas redes sociais de um assédio que ela sofreu de um motorista do aplicativo Uber durante corrida realizada na tarde de domingo, 16, na cidade de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre

A jovem se deslocava para a casa de uma amiga quando foi abordada pelo condutor. Ao perceber que estava sendo assediada, começou a gravar o diálogo com a câmera virada para o próprio rosto. Ele diz que poderia namorar com ela, ao que ela responde que é menor de idade. O condutor insistiu, dizendo que não seria um problema. “Problema seria se tu tivesse 13 anos. E eu acho que tu não tem 13 anos... De, 14 para cima tu já é responsável", retrucou. 

Jovem gravou vídeo de assédio que sofreu em Uber no RS e motorista é banido da empresa Foto: Hannah McKay/Reuters

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Depois ele diz que namoraria com ela se ela não tivesse namorado, ao que ela rebate: “Mas tu tem idade para ser meu pai”. E ele insiste: “Não sou teu pai nada...”. Ela continua: “Mas tem idade...”. E ele mais uma vez insiste: “Eu faria coisas que teu pai não faria. Pode ter certeza”.

A jovem, então, tenta por um fim na conversa: “Eu não tenho interesse, brigada”. “Tô só brincando, eu não tô dizendo que você deveria ter interesse”, é a última fala do motorista que aparece no vídeo. 

Ao fim da viagem, ela denunciou o perfil do motorista no aplicativo e registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher de Viamão. A Uber informou que o colaborador teve a conta banida e que não atua mais na plataforma.

Ao registrar a ocorrência ao lado da filha na delegacia, sua mãe lamentou o episódio. “Eu fiquei indignada e enjoada. Nós usamos o Uber sempre, pois peço para ela não pegar ônibus com receio dos assaltos. Ela foi muito corajosa de ter publicado o vídeo nas redes sociais”, declarou ao Estado.

Responsável pelo caso, a delegada Marina Dillenburg revelou que o suspeito irá prestar depoimento nesta tarde e que poderá ser indiciado, futuramente, por ter cometido crime contra a honra. 

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“Estamos em contato com as demais plataformas para verificar se já houve algum episódio similar com este motorista. Vamos colher mais provas e esperamos receber mais denúncias, pois já temos notícias, de redes sociais, de outros casos envolvendo este suspeito, porém nada formal ainda. Aproveito para pedir às demais meninas que sempre procurem as autoridades”, afirmou.

Em nota, a Uber informou que o motorista foi excluído do aplicativo. “A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita. A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro”. 

Leia a íntegra da nota

"A Uber considera inaceitável e repudia qualquer ato de violência contra mulheres. A empresa acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos dessa natureza às autoridades competentes. A conta do motorista parceiro foi banida assim que a denúncia foi feita. A empresa defende que as mulheres têm o direito de ir e vir da maneira que quiserem e têm o direito de fazer isso em um ambiente seguro. Todas as viagens com a plataforma são registradas por GPS. Isso permite que em caso de incidentes nossa equipe especializada possa dar o suporte necessário, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado. Como parte do processo de cadastramento para utilizar o aplicativo da Uber, todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos pelo próprio motorista e com consentimento deste, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos criminais, na forma da lei. A Uber também realiza rechecagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses. Desde 2018 a Uber tem um compromisso público para enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, materializado no investimento em projetos elaborados em parceria com entidades que são referência no assunto, que inclui campanhas contra o assédio e podcast para motoristas parceiros sobre violência contra a mulher, entre outras ações. Em novembro, a Uber anunciou um investimento de R$ 5 milhões para continuidade desse compromisso ao longo dos próximos anos."

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