Jovem que recebeu córnea de João Roberto deixa hospital

Emocionada e sorridente, Sueny Kellen não conseguiu expressar em palavras alegria de voltar a enxergar

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Por Talita Figueiredo
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A adolescente Sueny Kellen Oliveira da Silva, de 13 anos, não conseguiu expressar em palavras a emoção que sentiu ao enxergar pela primeira vez. Ao deixar na tarde desta sexta-feira, 11, o Hospital dos Servidores, no centro do Rio, um dia depois de receber uma das córneas do menino João Roberto Amorim Soares, assassinado por policiais militares, ela apenas chorou, ao ser abordada por equipes de reportagem que a aguardavam. Veja também: Não houve tiroteio antes de menino morrer, diz delegado no RJ Mãe de garoto morto por PM desabafa: 'eu não desculpo' Governo não pode deixar que a PM vire a 'Geni', diz Beltrame Ainda no quarto do hospital, logo que tirou o tampão cirúrgico do olho esquerdo ela disse para a mãe, Kátia da Silva, que conseguia identificar que o cabelo dela estava "arrumado". A vista ainda estava embaçada e só deve melhorar com a continuação do tratamento. "Mas ela já consegue identificar algumas coisas. Com o tempo, ela vai conseguir ver tudo, tenho certeza", disse Kátia. A menina nasceu cega em razão da rubéola que a mãe teve na gravidez. Desde os oito meses de idade, ela faz tratamentos para tentar enxergar. Aos quatro anos, passou por cirurgias de catarata nos dois olhos. Sueny esperou quatro anos na fila do banco de olhos, para conseguir uma córnea que fosse boa para seu caso. Agora, vai aguardar novamente um transplante no olho direito. Além de desejar ver o mar, Sueny disse à mãe que quer também conhecer o rosto de João Roberto. Kátia disse que vai providenciar uma foto do menino, morto no violento ataque de policiais militares ao carro de sua família domingo passado na Tijuca, zona norte. Na quarta-feira, a menina Lariza Ludgero da Silva Santos, de 8 anos, recebeu a outra córnea do menino. Ela teve uma infecção bacteriana que tirou-lhe a visão do olho. A menina já está em casa e voltou a enxergar.

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