Juiz censura Ibope no Paraná a pedido de Richa

Desde que tucano, antes favorito, passou a aparecer em situação de empate com Osmar Dias, esta é a sexta representação a impugnar sondagens no Estado

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Por Evandro Fadel e CURITIBA
Atualização:

O juiz auxiliar Luciano Carrasco, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, acolheu pedido da coligação da candidatura do ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) ao governo do Paraná e proibiu a divulgação de pesquisa do Ibope prevista para amanhã, véspera das eleições. Registrada sob n.º 22.938/2010 no TRE para ouvir 2.002 pessoas entre 29 de setembro e 2 de outubro, é a sexta pesquisa com divulgação impugnada no Estado.Richa que liderava as pesquisas passou a impedir a divulgação quando os números começaram a apontar empate técnico com o candidato do PDT, Osmar Dias. O argumento é de "inconsistência do plano amostral", uma das exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)."Não se sabe de onde foram colhidos os porcentuais que deram ensejo aos índices anteriores", afirmou Carrasco, ao acolher a representação. A pesquisa anterior, também impugnada, estava registrada no TRE e deveria ter sido divulgada em 23 de setembro.De acordo com o juiz, outro problema refere-se à fonte dos índices de ponderação. No pedido de registro, o Ibope citou que utilizaria os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) de 2008. "Já existe o de 2009, cuja diferença relevante foi trazida pelo jornal Gazeta do Povo na matéria do dia 29/09/2010, o que revela distorção que não pode ser levada para a amostragem", disse Carrasco.A diretora do Ibope, Márcia Cavallari, afirmou que o instituto estava recorrendo. Segundo ela, o Ibope fará até o fim das eleições 140 pesquisas no País e todas têm o mesmo formato de registro, com a mesma fonte de dados para amostra, mas só houve impugnação no Paraná. "A legislação diz que tem de informar, mas não obriga a usar esta ou aquela fonte", disse. Para ela, no Pnad 2009, que saiu no início de setembro, "proporcionalmente não há mudança significativa na comparação da base de dados".Censura. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou, em nota, o que considera "censura prévia e violação da liberdade de expressão". "Fica evidente e a ANJ lamenta que seja desrespeitado o princípio constitucional da liberdade de expressão, o direito do cidadão de receber informações que são pertinentes neste momento", disse o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. Para ele, a intenção de ocultar informações por parte do candidato do PSDB fica clara, a partir do momento em que não houve questionamento quando as pesquisas eram vantajosas a ele.Osmar Dias criticou o rival. "O Brasil inteiro está estarrecido, inconformado. Ninguém aceita que sejam censurados todos os institutos de pesquisa, principalmente, os eleitores", disse. Richa responsabilizou o Judiciário: "Só a Justiça Eleitoral tem poder de impedir divulgação de pesquisas ou impugná-las e ninguém mais."

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