Juiz de Campinas recebe mesada do esquema, diz PF

Ernesto da Luz Pinto Dória é juiz da 15.ª Região do Tribunal Regional do Trabalho, em São Paulo, e trabalhou como corregedor regional do TRT entre 2000 e 2002

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Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz Ernesto da Luz Pinto Dória é apontado no inquérito da Operação Furacão como intermediário da máfia dos jogos com um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não identificado, e advogados. Além de remunerações eventuais, Dória recebia, segundo a investigação da Polícia Federal, uma mesada do esquema como recompensa pelos serviços prestados em benefício dos bingos. Dória chamava as mesadas de ?meu oxigênio?. Segundo o Estado apurou, no depoimento dado domingo, 15, preso na Superintendência da PF, em Brasília, Dória confirmou a existência do esquema de compra de sentenças pelos empresários dos bingos. Só de um dos representantes dos bingos, segundo a PF, identificado como Jaime Garcia, Dória recebia mesada de R$ 10 mil. A PF, diz que o ponto de partida para mostrar os vínculos do juiz com a organização criminosa foi sua ligação com Antônio Petrus Kalil, o Turcão, a quem Dória chama de ?padrinho?. Em uma das conversas interceptadas pela PF, Turcão pede a Dória para retirar uma liminar contra ele em Sorocaba (SP). O juiz atendeu o pedido. Dória diz ter levado um ?ministro? do STJ para almoçar num iate e que mandou o mesmo endurecer em uma ação a favor de uma rede de lojas, ?travar tudo e cobrar 300 contos?. Um advogado, na mesma conversa, diz que os empresários da rede são poderosos. E Dória responde: ?Poderoso é Jesus?. O ministro teria prometido 30% dos 300 contos a Dória. Nos grampos, o próprio juiz admite ter recebido ainda ?euros de Naji Nahas?. A apuração da PF mostra ainda Dória oferecendo vantagens aos assessores do desembargador Celso Guedes, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Um dos trechos dos diálogos interceptados pela PF, com autorização da Justiça, indica a pretensão de Dória de receber R$ 25 mil de um advogado pela intermediação dos contatos com Guedes. Segundo o relatório da PF, Dória fez uma intermediação do delegado federal Edson Antonio de Oliveira com Virgilio Medina, irmão do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Paulo Medina, que julgaria um recurso de Oliveira. Em uma das escutas, Dória fala com o desembargador Guedes, reclama de ?uma confusão? e que o desembargador ?deferiu o efeito suspensivo de subida, mas não manteve a decisão de 1ª instância e que não vai ter valia nenhuma?. Dória reclama ainda com uma mulher identificada como Janaína. ?Me deram um tombo de 25 contos, p. que p.?. ?O negócio estava todo certo para sair na segunda-feira, e que o cara errou o despacho.?

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