Juiz teme atentado em audiência de Beira-Mar

"A presença de Beira-Mar representa alto risco em relação à sua própria pessoa", diz Odilon Rodrigues

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Por Marcelo Auler
Atualização:

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de assegurar a réus presos o direito de estarem presentes em todos os atos dos processos judiciais aos quais respondem criou um impasse para o juiz federal Odilon Rodrigues, da 3ª Vara Federal de Campo Grande (MS). Ele preside um processo no qual o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e mais 23 comparsas são acusados de lavar R$ 12 milhões, fruto do tráfico internacional de drogas. O próximo passo do processo é ouvir cerca de 50 testemunhas, sete das quais são comuns à defesa e à acusação. Eles residem, em sua maioria, em Coronel Sapucaia (MS), onde Beira-Mar se refugiou e ganhou inúmeros desafetos. O juiz teme que ocorra algum atentado, caso leve o réu às audiências. "Não tenho dúvidas de que a presença de Beira-Mar na fronteira representa alto risco em relação à sua própria pessoa", declarou, em despacho de março de 2007. O juiz Odilon está convencido de que o certo seria realizar os interrogatórios na cidade de Amambaí, próxima a Coronel Sapucaia. Odilon propôs ao Comandante Militar do Oeste (CMO), José Carlos de Nardi, fazer as audiências no Regimento Militar de Amambaí, onde o preso ficaria por três dias, com segurança reforçada, porém o Exército alegou que o pedido deveria ser encaminhado ao presidente da República. O juiz, então, mandou o pedido para o ministro do Superior Tribunal de Justiça, Gilson Dipp, que o encaminhou ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. Jobim defende que não é possível ceder salas para a audiência e de manter o preso custodiado no quartel por existirem "óbices constitucionais, legais e institucionais" contra a medida.

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