Juíza afasta direção e 78 guardas de Bangu 1

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Por Agencia Estado
Atualização:

Depois da divulgação de novas conversas gravadas e da apreensão de mais dois aparelhos celulares improvisados, drogas e material para fabricação de explosivos (pólvora e pavios) no presídio Bangu 1, a juíza Sônia Maria Garcia Gomes Pinto determinou nesta quarta-feira o afastamento definitivo dos 78 guardas penitenciários e de toda a direção da unidade, considerada de segurança máxima. De acordo com a juíza, titular da 1.ª Vara Criminal de Bangu, há "conivência ou omissão" de agentes penitenciários para a entrada de drogas, armas e telefones, que, segundo ela, "não caem do céu". A hipótese de participação de advogados e visitantes de presos no esquema, diz a juíza, também necessitaria da colaboração dos agentes. O governo do Estado havia recorrido contra a decisão da titular da 1.ª Vara, tomada depois da operação do Ministério Público em Bangu 1, no dia 18, que resultou na apreensão de sete celulares. A juíza não acatou o recurso, mas admite que haja um prazo - ainda não estabelecido - para a substituição de todos os funcionários do presídio pelo Departamento Estadual do Sistema Penitenciário (Desipe). Pólvora Agentes penitenciários encontraram dois aparelhos improvisados para telefonia celular, maconha e pólvora escondidos em Bangu 1 durante vistoria realizada na noite de ontem, momentos depois de o Ministério Público divulgar nova gravação em que um preso negocia por celular a compra de quatro novos aparelhos de telefone. Inicialmente programada para ocorrer amanhã, a operação no presídio foi antecipada pelo secretário de Justiça, Paulo Saboya, que hoje foi a Brasília solicitar mais verbas. Segundo nota da secretaria, ele tomou a decisão porque "havia sérios indícios de que a comunicação via celular permanecia no interior do presídio, mesmo após a grande operação realizada pelo MP no dia 18". A secretaria argumenta ainda que "estão em curso" as substituições de agentes que trabalham na unidade. A operação do Desipe em Bangu, segundo a nota, ocorreu das 20h30 às 22h10 de ontem. Duas horas antes, o procurador-geral de Justiça do Estado, José Muiños Piñeiro Filho divulgara a nova gravação em que um preso - supostamente o traficante Marcos Marinho dos Santos, o Chapolim, que em outras gravações negociara a compra de um míssel Stinger - chega a comentar a operação do MP no presídio. O procurador-geral considerou o fato uma "afronta" e disse que o afastamento de toda a direção de Bangu se tornara obrigatório. O MP diz que já ter elementos para instaurar ações penais e continua a monitorar as ligações feitas por presos, apesar das apreensões de dois telefones anteontem. O Estado apurou que numa das conversas detentos pedem a contratação de um DJ para realizar um baile funk dentro do presídio. O delegado Irineu Barroso, da 34ª DP (Bangu), mandou para perícia os telefones encontrados pelos agentes. Ele pretende descobrir contatos de criminosos a partir dos números registrados nos aparelhos. Segundo ele, a pólvora estava envolvida em plástico e barbante, escondida em fechaduras. Também foram encontrados dois fones de ouvido para uso do recurso viva-voz. No presídio Muniz Sodré, também em Bangu, foram apreendidos dois celulares e meio quilo de maconha que estavam com uma visitante.

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