Júri de acusado de matar juiz é adiado pela segunda vez

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Por Agencia Estado
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O julgamento do preso João Carlos Rangel Luisi, o Jonny, um dos envolvidos na morte do juiz-corregedor Antônio José Machado, foi adiado nesta segunda-feira, 14. A juíza Liza Livingston adiou a sessão após a defesa do réu se recusar a participar do júri e se retirar do plenário. Um novo julgamento foi marcado para 12 de fevereiro de 2007, segundo informou o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Liza já designou um novo defensor para o réu caso os advogados não compareçam ao novo júri. Essa não é a primeira vez que algo acontece para impedir o julgamento do réu. Ele deveria ter sido julgado no último dia 28 de março, mas uma rebelião deflagrada no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros, onde ele estava detido, o impediu de chegar ao fórum. Queima de arquivo O Ministério Público Estadual (MPE) investiga se Jonny foi vítima de uma tentativa de queima de arquivo por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). A facção não teria interesse no julgamento para evitar a ligação do réu com os líderes da organização - Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola - denunciados como mandantes do crime. Jonny foi internado na última segunda-feira, 7, vomitando e evacuando sangue. As suspeitas são de que ele tenha sido obrigado a tomar o chamado "gatorade", um coquetel formado de cocaína, Viagra e água. A substância provoca morte por overdose. Vários desafetos PCC já foram assassinados com esse coquetel, principalmente na Penitenciária de Iaras. Há ainda uma outra hipótese de que o preso possa ter ingerido comida contaminada com caco de vidro moído. O TJ informou que o preso teve alta na sexta-feira, 11. O MP tem a confirmação de que Jonny integra a facção. Uma das provas de seu envolvimento com a organização é o fato de sua mulher, Eliane Rodas Fleury Fonseca, receber dinheiro da quadrilha. Em 2004, a Polícia Militar apreendeu uma série de depósitos no nome dela num QG do PCC na zona norte. A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou a internação do detento, mas não revelou as causas. Disse apenas que ele foi para o hospital com problemas gástricos. Jonny é o primeiro de quatro acusados de participar da execução do crime a enfrentar o júri popular. Ele será julgado por homicídio duplamente qualificado. Também foram denunciados pelo mesmo Adilson Daghia, o Ferrugem ou Di, de 34 anos, Ronaldo Dias, o Chocolate, e Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal. O juiz Machadinho, como era conhecido, foi executado com dois tiros na cabeça e no peito numa emboscada armada por três homens, a 300 metros do Fórum de Presidente Prudente. O crime ocorreu às 19 horas de 14 de março de 2003. Jonny foi o homem que comprou o Uno usado no crime. Ele falsificou os documentos e clonou as placas do veículo. Peças do processo revelam que não é de hoje que Jonny teme ser morto. Em fevereiro de 2004, o delegado José Carneiro de Campos Rolim Neto, então secretário-adjunto da SAP, em ofício encaminhado à Vara Criminal e do Júri de Presidente Prudente, ressaltou que o preso e Chocolate "corriam risco de vida" em presídios comuns. Apesar de a execução do magistrado ter ocorrido em Presidente Prudente, o julgamento acontecerá na Capital em razão do pedido de desaforamento (deslocamento do julgamento do processo de uma comarca para outra) feito pela Vara do Júri daquela comarca e deferido pela 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça.

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