Justiça arquiva inquérito sobre divulgação de fotos do dossiê

Segundo a decisão, com base nos argumentos do MP, o delegado Edmilson Bruno, responsável pela divulgação das fotos, não cometeu crime ao vazar imagens

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Justiça arquivou nesta sexta o inquérito contra o delegado Edmilson Bruno para apurar o vazamento para a imprensa das fotos do dinheiro que seria usado na compra do dossiê contra os tucanos. A 9ª Vara Federal Criminal de São Paulo decidiu pelo arquivamento com base nos argumentos do Ministério Público. O MP entendeu que "não se configurou crime" no caso do vazamento: Bruno não recebeu "vantagem indevida pela divulgação das fotos" - o que descaracteriza crime de corrupção passiva - nem violou o sigilo funcional porque as fotos revelam apenas a existência do dinheiro, "o que não constitui fato sigiloso". O sigilo, em linhas gerais, segundo o MP decorre da proteção à intimidade, do interesse público, da segurança da sociedade e do Estado e do interesse social. O Ministério Público Federal não vislumbrou, na divulgação de fotos do dinheiro apreendido, qualquer dos mencionados fundamentos a justificar segredo ou sigilo no presente caso. Entenda o caso O episódio do caso dossiê começou há 39 dias. Em 15 de setembro, a Polícia Federal prendeu em Cuiabá um dos donos da Planam, Luiz Antonio Vedoin, e seu tio Paulo Roberto Trevisan, que estavam negociando a venda de informações contra os candidatos tucanos José Serra (ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (à Presidência da República). Depois da prisão de Vedoin e Trevisan, a PF de Mato Grosso avisou a de São Paulo, que horas depois prendeu na capital outros dois integrantes do esquema, os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Eles estavam com parte dos R$ 1,75 milhão que seriam usados na compra do material pelo PT. Gedimar disse à Polícia que o mandante da operação era Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência. Mas, relatório parcial da PF aponta Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, como mentor da ´negociação´. Durante as investigações, outras figuras próximas ao presidente aparecem no caso: Ricardo Berzoini, ex-coordenador de campanha de Lula e ex-presidente nacional do PT; Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante; Expedito Veloso, do Banco do Brasil; Oswaldo Bargas, ex-Ministério do Trabalho. Além desses, recente rastreamento telefônico autorizado pela Justiça também revelou telefonemas do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, para Lorenzetti e dele para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. O chamado dossiê Vedoin continha um CD, fotos e alguns documentos envolvendo os dois tucanos na máfia das ambulâncias - esquema liderado pela Planam, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras de todo o Brasil. As irregularidades deste caso foram descobertas meses antes pela PF e chegaram a movimentar R$ 110 milhões com o envolvimento de funcionários de diversos ministérios.

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