Justiça dá mais 30 dias para PF investigar dossiê Vedoin

Decisão frustra oposição que queria o inquérito concluído antes do 2º turno

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Justiça Federal do Mato Grosso concedeu um prazo de mais 30 dias para a Polícia Federal concluir as investigações sobre o dossiê Vedoin, elaborado para prejudicar as candidaturas dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente ao governo estadual de São Paulo e à Presidência da República. A investigação agora vai se estender até o final de novembro próximo. A decisão do juiz da 2ª Vara de Cuiabá, Jefferson Schneider, frustra parlamentares da oposição que desejavam que o inquérito fosse concluído antes do final da eleição no próximo domingo, 29. CPI dos Sanguessugas Nesta terça-feira, a CPI dos Sanguessugas recebeu da Justiça todos os documentos sobre o caso dossiê. Porém, antes de dar continuidade a seus trabalhos, a comissão precisa superar a troca de acusações entre seus integrantes. O presidente da Comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) disse nesta segunda, sem citar nomes, que há parlamentares na CPI que estão agindo como "assessores" do candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin. Ele se referia às acusações do vice-presidente da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), de que a Justiça estaria sonegando documentos para a CPI. Ao tomar conhecimento das declarações de Biscaia, Jungmann reagiu dizendo que ele falta com respeito aos integrantes da CPI, "que jamais deixaram de respeitar sua autoridade." Já o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) evocou o espírito conciliador dentro da comissão. "Estou esperando acabar o segundo turno das eleições para promover a conciliação e continuar os trabalhos da CPI", reiterou. Entenda o caso O episódio do caso dossiê começou há 39 dias. Em 15 de setembro, a Polícia Federal prendeu em Cuiabá um dos donos da Planam, Luiz Antonio Vedoin, e seu tio Paulo Roberto Trevisan, que estavam negociando a venda de informações contra os candidatos tucanos José Serra (ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (à Presidência da República). Depois da prisão de Vedoin e Trevisan, a PF de Mato Grosso avisou a de São Paulo, que horas depois prendeu na capital outros dois integrantes do esquema, os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Eles estavam com parte dos R$ 1,75 milhão que seriam usados na compra do material pelo PT. Gedimar disse à Polícia que o mandante da operação era Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência. Mas, relatório parcial da PF aponta Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, como mentor da ´negociação´. Durante as investigações, outras figuras próximas ao presidente aparecem no caso: Ricardo Berzoini, ex-coordenador de campanha de Lula e ex-presidente nacional do PT; Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante; Expedito Veloso, do Banco do Brasil; Oswaldo Bargas, ex-Ministério do Trabalho. Além desses, recente rastreamento telefônico autorizado pela Justiça também revelou telefonemas do chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, para Lorenzetti e dele para o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. O chamado dossiê Vedoin continha um CD, fotos e alguns documentos envolvendo os dois tucanos na máfia das ambulâncias - esquema liderado pela Planam, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras de todo o Brasil. As irregularidades deste caso foram descobertas meses antes pela PF e chegaram a movimentar R$ 110 milhões com o envolvimento de funcionários de diversos ministérios.

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