Justiça do Rio manda soltar ativista preso em protesto no Dia do Professor

Manifestante é acusado de formação de quadrilha e de incendiar viatura da PM

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Por Marcelo Gomes
Atualização:

RIO - A Justiça do Rio de Janeiro concedeu, nesta quinta-feira, 19, liberdade provisória a Jair Seixas Rodrigues, conhecido como Baiano, preso preventivamente desde o protesto realizado no centro do Rio em 15 de outubro, Dia do Professor, que terminou em atos de vandalismo.

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Militante da Frente Internacionalista dos Sem Teto (Fist), Baiano é acusado de formação de quadrilha e de ter ajudado a incendiar uma viatura da Polícia Militar. Advogado da Fist, André de Paula disse que o ativista deverá sair do presídio Bangu 9, na zona oeste da cidade, na manhã desta sexta-feira, 20.

"Observa-se que, no presente momento, não mais estão sendo efetivadas manifestações na cidade do Rio de janeiro, buscando melhorias profissionais e sociais, no regular exercício dos direitos inerentes à coletividade, exteriorizar suas insatisfações, no regular exercício da democracia. Assim, os ilegítimos atos de vandalismo, que estavam sendo praticados, indevidamente, atrelados às manifestações legítimas praticadas no exercício das atividades inerentes à democracia, não mais se encontram como presentes, deixando de haver o risco à ordem pública, que motivou a prisão do acusado", escreveu o juiz Marcello de Sá Baptista, da 14ª Vara Criminal do Rio, em seu despacho.

Como medidas substitutivas à prisão cautelar, o magistrado proibiu Baiano de "participar de atos em locais públicos, em que haja reunião de pessoas", de frequentar lugares públicos das 20h às 6h do dia seguinte, bem como sair da cidade do Rio sem autorização judicial. Também determinou que ele compareça mensalmente em juízo para informar suas atividades e mudanças de endereço.

A audiência de instrução e julgamento (AIJ) do processo teve início na última segunda-feira, 16, quando foram ouvidos dois policiais militares arrolados pela acusação. O Ministério Público pediu o adiamento da sessão porque um terceiro PM, também arrolado como testemunha, não compareceu à sessão por estar de licença. A continuação da AIJ, quando serão ouvidos os depoimentos das testemunhas de defesa e o interrogatório do réu, foi designada para 12 de fevereiro, às 14h.

Memória. No protesto do Dia do Professor, 190 pessoas foram detidas e levadas a oito delegacias. Entre eles, 64 manifestantes e 20 menores foram autuados em flagrante, sendo 27 pessoas enquadradas na nova lei que tipifica o crime organizado.

Pela primeira vez desde o início da onda de manifestações no Rio em junho, no ato do Dia do Professor duas pessoas foram baleadas. Rafael Santana Santos, de 24 anos, foi atingido por um tiro de arma de fogo no ombro na Avenida Rio Branco, nas proximidades do Clube Militar. Já Rodrigo Azoubel, de 18 anos, teve fratura exposta nos dois antebraços ao ser baleado. Ele passou por uma cirurgia. O rapaz é filho de uma diretora de TV e de um funcionário do Ministério da Cultura. Os dois casos de lesão corporal estão sendo investigados pela 5ª Delegacia de Polícia (Lapa).

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