Justiça manda retirar 150 famílias de sem-teto

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Por Agencia Estado
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Cerca de 150 famílias de sem-teto foram retiradas hoje de um terreno do Parque Boa Esperança, no Iguatemi, zona leste da cidade. Elas estavam ocupando o local desde junho. Pelo menos 600 barracos estavam prontos para moradia. A reintegração de posse foi determinada pela Justiça no dia 19 do mês passado. Cento e oitenta policiais militares participaram da ação, que começou por volta das 8 horas da manhã. A retirada das famílias foi pacífica. O terreno de 255 mil metros quadrados pertence a Savoy Imobiliária e Construtora. Segundo o encarregado do Departamento de Patrimônio da empresa, José Kleber Feitosa, o terreno seria loteado. No local havia uma placa de identificação da empresa proibindo a ocupação da área. Mesmo assim, muitas famílias continuaram se cadastrando para garantir o espaço, como o desempregado José Gomes da Silva, de 32 anos, que pagou R$ 15,00 pela inscrição. Para manter-se na área ele e as demais pessoas eram obrigadas a contribuir com uma taxa mensal, que ia de R$ 5,00 a R$ 15,00. O dinheiro era arrecadado pelos líderes do movimento. "Eles recolhem o dinheiro para garantir nossa segurança", disse. Desesperado, Silva dizia não ter para onde ir. "O que vou fazer da minha vida? Não sei onde vou colocar meus três filhos?, complementou. A dona de casa Francisca Soares, de 45 anos também estava transtornada. Sua casa, com dois cômodos de alvenaria, foi uma das primeiras a ser derrubada pelo trator. "Não dá para acreditar, dói muito ver todo meu sacrifício no chão." Um dos líderes da invasão, Belo de Almeida, ex-candidato a vereador pelo PT, negou a cobrança das taxas mensais. Segundo ele, a contribuição era voluntária. Almeida ressalta também que a proposta é auxiliar as pessoas que não têm onde morar. A área invadida estava, segundo ele, em litígio e, por isso, foi ocupada. Por conta da pressão da polícia, os líderes decidiram retirar as famílias do local. A intenção, segundo a liderança, era levar os sem-teto para outros locais já invadidos. A mobília dos desabrigados foi levada para o depósito da imobiliária. A assessoria de imprensa da Prefeitura informou que a área invadida é particular e não compete à administração interceder.

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