Justiça recebe inquérito sobre a morte de Tim Lopes

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Por Agencia Estado
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A polícia encaminhou nesta quarta-feira à 1ª Vara Criminal do Rio o inquérito que apura a morte do jornalista Tim Lopes, ocorrida em junho. Nove bandidos do bando de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, foram indiciados pelos crimes de homicídio, ocultação de cadáver e formação de quadrilha. Cinco deles já estão presos. O delegado responsável pelo caso, Sérgio Falante, acredita que há provas suficientes para que todos os bandidos sejam condenados. O inquérito consiste de três volumes, num total de 615 páginas. De acordo com Sérgio Falante, são provas fortes contra os acusados os depoimentos dos criminosos que confessaram ter participado ou assistido à execução e o exame de DNA que comprovou que os restos mortais de Tim Lopes haviam sido enterrados no alto da favela da Grota, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio, área dominada por Elias Maluco. Falante informou ainda que o crime de homicídio tem como agravantes o fato de ter sido praticado por motivo banal e o emprego de fogo - o corpo do repórter foi colocado pelos bandidos num tonel com combustível e depois queimado. Só por esse crime a pena pode chegar a 30 anos. Os quatro bandidos em liberdade são, além de Elias Maluco, André da Cruz Barbosa, o André Capeta, Maurício de Lima Matias, o Boizinho, e Renato Souza, o Ratinho. Além dos cinco presos, outros dezesseis bandidos que trabalham para Elias vendendo drogas estão na cadeia. O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 50 mil por informações que levem à prisão do traficante - que foi declarado inimigo número um do Estado pela Secretaria de Segurança Pública. Desde a morte de Tim Lopes, a polícia vem fazendo operações em favelas à procura de pistas sobre o bandido, mas ele escapou ao cerco. O jornalista foi executado no dia 2 de junho, depois de ser capturado na Vila Cruzeiro - favela vizinha à da Grota -, quando fazia reportagem sobre um baile funk onde havia venda e consumo de drogas e shows de sexo explícito envolvendo menores. Pelos depoimentos colhidos pela polícia, os bandidos desconfiaram de Lopes e o levaram até Elias Maluco, que o condenou à morte numa espécie de tribunal do tráfico - um ano antes, ele havia produzido uma série de matérias jornalísticas, exibida pela "TV Globo", sobre a Feira de Drogas da Vila Cruzeiro, o que teria levado Elias a condená-lo à morte. Fragmentos de ossos do jornalista foram encontrados numa cova rasa na localidade da Pedra do Sapo, o que levou a polícia a descobrir um cemitério clandestino onde os traficantes escondiam os corpos dos inimigos.

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