Kassab recua e negocia contrato de coleta de lixo

Prefeito se encontrou com empresários para evitar greve e disse que não vai anular contrato de R$ 10 bi; sindicato dos trabalhadores quer aumento de 12%

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Por Agencia Estado
Atualização:

Na sexta-feira - dia da assembléia do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio, Conservação e Limpeza Urbana (Siemaco) para definir a greve do setor -, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) encontrou-se pessoalmente com os acionistas dos consórcios EcoUrbis e Loga, que prestam serviços de coleta em São Paulo. E comprometeu-se a não anular o contrato do lixo, de R$ 10 bilhões. O recuo, que interrompe as ameaças feitas pelo governo desde que José Serra (PSDB) assumiu a Prefeitura, em 2005, foi o que levou os empresários a voltarem para a mesa de negociação com os trabalhadores e adiar a greve dos lixeiros. Kassab prometeu aos acionistas encontrar uma saída jurídica. Em 2005, o secretário municipal de Negócios Jurídicos, Luiz Antônio Guimarães Marrey, solicitou na Justiça a anulação. Até as vésperas da paralisação, a Prefeitura mantinha a posição. A assessoria de Kassab confirma o encontro. Mas nega que o prefeito tenha assumido compromisso com os empresários. A ameaça de greve no setor acelerou uma disputa de bastidores. O sindicato dos trabalhadores reivindica aumento de 12%, mas os empresários se recusavam a conceder ajuste sob a alegação de estarem ?quebrados?. Depois do encontro com Kassab, o consórcio espera que uma tarifa definitiva seja estabelecida pelo serviço, o que permitiria alívio no caixa para ceder a algumas demandas trabalhistas. Na sexta-feira à tarde, os empresários avisaram que retornariam às negociações e ofereceram reajuste de 3,11%. Desde o começo da gestão, a relação entre consórcios e Prefeitura foi marcada por atritos. E a ameaça de romper os contratos deixava em suspenso um grave problema na área do lixo que está perto de estourar na cidade, que produz diariamente mais de 13 mil toneladas de lixo. Em outubro, o Aterro São João, na zona leste, que recebe 6.500 toneladas diárias de lixo, deixará de funcionar. Caso um novo aterro não seja construído, a Prefeitura vai precisar alugar serviços de aterros privados, o que pode encarecer a coleta. A EcoUrbis já trabalha em uma área de 1,1 milhão de metros quadrados, em frente ao Aterro São João, que aguarda o licenciamento ambiental e os investimentos para funcionar. A criação de novo aterro era um dos itens do contrato de concessão firmado com o consórcio. Caso o contrato fosse anulado, seria preciso encontrar uma rápida alternativa. Os bastidores da crise 2004: Depois de sucessivos problemas e contratos de emergência, a Prefeitura de São Paulo, na gestão Marta Suplicy (PT), assina contrato de concessão com a EcoUrbis e a Loga para coleta de lixo na cidade. O contrato é de R$ 10 bilhões. 2005: Serra assume e diz que vai anular o contrato. Alega irregularidades e preço alto. A anulação do contrato é pedida na Justiça. Outubro de 2005: Prefeitura reduz o valor do pagamento mensal às empresas de R$ 50 milhões para R$ 33 milhões. Dezembro de 2006: Após longa negociação, com base em estudo da FIPE, valor do contrato é reduzido em 16% (RS 1,6 bi). Janeiro de 2007: Prefeitura ignora acordo e continua a não efetuar pagamentos. 21 de março: Lixeiros ameaçam fazer greve e governo planeja anular contrato de concessão. Empresas negam reajuste salarial aos coletores. 23 de março: Kassab se reúne com empresários e promete não anular contrato de concessão. No mesmo dia a greve dos lixeiros é suspensa. Empresas voltam à mesa de negociação. Prosseguir com o contrato ainda não está claramente definido.

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