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Ladrões mataram 30 policiais em SP este ano

Por Agencia Estado
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Antonio Roberto Paula Buono tinha 45 anos. Era soldado da Polícia Militar e na noite de sexta-feira, após sair do quartel onde trabalhava, no Parque Santa Madalena, na zona leste, foi vítima de assaltantes. Ele é um dos 30 policiais mortos pelos ladrões este ano no Estado. No ano passado, de janeiro a dezembro, foram assassinados 68 policiais. Buono reagiu ao ser atacado por três homens e recebeu quatro tiros, morrendo no hospital. Seu carro, um Ford Fiesta, fora fechado por um Santana ocupado pelos bandidos, que o mataram para roubar o carro. Os colegas de Buono tentaram localizar os criminosos durante toda a madrugada, mas não conseguiram. Um deles, o soldado Luiz Nepomuceno Silva ouviu duas testemunhas. "Elas disseram que os ladrões já desceram atirando não dando a mínima chance para o policial." Silva contou que nos anos 80, ao entrar para a polícia, os bandidos quando viam um carro com policiais ou paravam ou fugiam. "Hoje eles atiram e nos matam. Perderam o respeito pela autoridade porque sabem que nada lhes acontecerá", desabafou. "É o terceiro colega que enterro este ano. Está dificil trabalhar." Dos mortos de janeiro a agosto, 20 eram policiais militares e 10 policiais civis. Na semana passada, a Secretaria da Segurança Pública inaugurou o Memorial da Polícia Civil na sede do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic) com as fotos de 72 policiais civis mortos por assaltantes. O delegado-geral Marco Antonio Desgualdo queixou-se das críticas que a polícia vem sofrendo por parte das entidades de Direitos Humanos e setores da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Dói ouvir mentirosos atacarem a polícia porque nós defendemos um ideal. Os policiais que estão nestas fotos morreram pelo que acreditaram. Morreram na defesa da sociedade." Branca Teresa Frassati Alvarenga, de 70 anos, mãe do investigador Cláudio Frassati, de 37, morto por ladrões em janeiro deste ano, disse que seu filho morreu defendendo a sociedade. O policial deixou a mulher e um filho de quase dois anos. Ana Paula de Sena, irmã do agente policial Itay Jesus de Sena, declarou que seu irmão nos 23 anos de trabalho policial sempre colocou a "carreira em primeiro lugar". Itay foi assassinado por assaltantes. "Fiquei emocionada quando o secretário da Segurança disse que nos enterros dos policiais nunca aparece entidade dos direitos humanos. Policial também é gente", afirmou Ana. Em todo o Estado, os assaltantes mataram no primeiro semestre deste ano, 285 pessoas: 116 na capital, 114 no Interior e 55 na Grande São Paulo.

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