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Lagos formados em encostas são ameaça

'Queremos evitar que se rompam. O resultado é imprevisível', diz técnico

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A prioridade dos técnicos paulistas enviados na terça-feira a Santa Catarina tem sido encontrar e remover lagos naturais formados a partir de deslizamentos de terra nas encostas dos morros. Chamados de barramentos de água, eles são agora a maior ameaça para a população de Ilhota, um dos municípios mais castigados pelas chuvas no Vale do Itajaí. "Queremos evitar que eles se rompam naturalmente, porque o resultado é imprevisível", afirma o técnico civil Luiz Antônio Gomes, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).   Veja também: Saiba como ajudar as vítimas da chuva 73 vítimas foram identificadas; veja lista SC pode ter mais chuva e deslizamentos Massa doa macacão em prol das vítimas Mulher fala da perda de parentes em SC Tragédia em Santa Catarina Blog: envie seu relato sobre as chuvas Blog Ilha do sem Blumenau Blog Desabrigados Itajaí Blog Arca de Noé Veja galeria de fotos dos estragos em SC Tudo sobre as vítimas das chuvas     O trabalho das equipes, diz ele, tem de ser feito de manualmente. "São áreas de difícil acesso. Vamos de helicóptero até uma área próxima e fazemos o trajeto a pé até os barramentos", contou Gomes. "Para dar vazão a essas piscinas naturais, temos usado pás, enxadas e picaretas. É o que dá para carregar na mão." Os técnicos de São Paulo estão divididos em duas equipes: uma delas atua nas cidades de Luiz Alves e Ilhota e a outra, em Blumenau e Jaraguá do Sul. Amanhã, outros cinco profissionais do IPT e do Instituto Geológico seguem de avião para Santa Catarina para substituí-los.   Segundo Gomes, não há previsão para o fim dos trabalhos. "Vai levar muito tempo, creio que alguns meses. Por enquanto, nosso objetivo é avaliar as áreas de risco para evitar que deslizamentos provoquem mais mortes", explica. "A reocupação desses locais vai depender de um minucioso planejamento urbano, mas isso ficará para uma segunda etapa."   Os barramentos também preocupam as populações de Benedito Novo, Rodeio, Timbó e Rio dos Cedros, a cerca de 40 quilômetros de Blumenau. O geólogo Joares José Aumond, da Universidade Regional de Blumenau, diz que três lagoas para piscicultura e um grande lago artificial de 100 mil metros cúbicos – com 660 metros de extensão e 50 de largura – são verdadeiras bombas-relógio. O volume de água das lagoas de piscicultura aumentou com as chuvas que não param de cair na região. Já o lago artificial foi formado com as avalanches de terra que acabaram represando a água no local. "Nos próximos dias a expectativa é de 90 mm de chuva. As paredes desses lagos podem romper e causar novas tragédias", alerta.   Efetivo   Além dos cinco técnicos – três do IPT e dois do Instituto Geológico –, o governo paulista enviou 50 bombeiros, além de 3 helicópteros e 20 viaturas. Quatro cães farejadores também integram a comitiva. "Para não dar despesas ao Estado, nossa equipe é auto-suficiente em tudo: levamos gasolina para abastecer os helicópteros, além de equipamentos, água e alimentos para os policiais", disse coronel Luiz Massao Kita, secretário-chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil do Estado de São Paulo.  

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