Laudo aponta suicídio e mulher de boxeador é solta em PE

Mulher de Arturo Gatti ficou presa 18 dias pois era principal suspeita da morte; casal discutiu antes do suicídio

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Por Ângela Lacerda e O Estaado de S. Paulo
Atualização:

O ex-campeão de boxe Arturo Gatti, 37 anos, cometeu suicídio. A conclusão da Polícia Civil foi anunciada nesta quinta-feira, 30, em entrevista coletiva. Sua mulher, Amanda Carine Barbosa Rodrigues, de 23 anos, até então apontada pela polícia como principal suspeita do crime, foi libertada à tarde, sob aplausos de curiosos. Ela ficou 18 dias presa, depois de ter sido autuada em flagrante.

 

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Em rápida entrevista, ao sair do presídio, ela afirmou que o marido se matou porque - pelo que conhecia dela - sabia que depois dos atos de violência, ela iria pedir a separação.

 

Amanda foi encaminhada ao presídio feminino no dia 12, um dia depois da morte de Gatti, ocorrida em um flat duplex na praia de Porto de Galinhas, no município metropolitano de Ipojuca, onde eles passavam férias com o filho de 10 meses.

 

Italiano naturalizado canadense, Gatti se enforcou na madrugada do dia 11, no flat, quando Amanda e o filho dormiam no quarto, no primeiro andar. De acordo com o inquérito policial, ele envolveu a alça de uma mochila no corrimão da escada de madeira - no cruzamento com uma coluna - e uniu os engates da alça, numa altura de 2,32 metros. Usou um banquinho do bar como suporte para subir, colocou a alça em torno do pescoço e em seguida derrubou o banquinho.

 

Gatti passou cerca de três horas pendurado, até que a alça se rompeu - devido ao peso, em torno de 70 quilos - e seu corpo caiu no chão. Amanda percebeu o marido inerte, pouco depois das 9 horas, quando gritou por socorro.

 

O suicídio ocorreu depois de uma noite tumultuada. O casal e o filho haviam ido jantar em um restaurante, no centro de Porto de Galinhas, onde comeram pizza e tomaram vinho. Depois pediram uma cerveja em um bar. Iniciaram uma discussão e Gatti espancou a mulher em um passeio pela área urbana da praia.

 

Depois que ele a derrubou na calçada, provocando escoriações no seu antebraço esquerdo e no queixo, o vigia de uma pousada tentou interferir em favor da mulher. Foi derrubado por um soco de Gatti, que ainda desferiu outro murro no seu peito. As cenas de violência revoltaram pessoas que assistiam a tudo. Elas jogaram pedras e até uma bicicleta em direção ao pugilista. Uma das pedras atingiu sua cabeça - o que explica o corte superficial com sangramento. Eles voltaram para o flat em táxis separados.

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Prisão

 

O delegado plantonista Josedite Ferreira, que iniciou a investigação, autuou Amanda em flagrante e se dizia convicto de que ela o havia matado. Depois, Paulo Alberes, que continuou a investigação, pediu a prisão temporária da mulher. A juíza de Ipojuca, Ildete Veríssimo, negou o pedido de relaxamento, realizado pelo advogado de Amanda, Célio Avelino. Ontem ela concedeu a soltura, a pedido da polícia civil, diante da conclusão do inquérito.

 

Cópias dos exames de perícia e do inquérito estão disponíveis para a embaixada canadense. "Não temos nenhuma dúvida de que o pugilista se enforcou", afirmou Paulo Alberes, para quem a polícia não tem do que se desculpar, por ter pedido a prisão temporária de Amanda.

 

O chefe da Polícia Civil, Manoel Carneiro, concordou com a atuação da polícia. "Se eu não a autuasse em flagrante, solicitaria a prisão temporária", disse ele, ao lembrar que Amanda, que é mineira, mora no Canadá. Segundo ele, se a conclusão tivesse sido a de assassinato e ela estivesse em liberdade, a polícia teria corrido o risco de não encontrá-la.

 

Para o advogado Célio Avelino, houve um erro judiciário que cabe reparação. A decisão, no entanto, deve ser de Amanda. Ela, por enquanto, só quer rever o filho, que ficou sob os cuidados da sua irmã Flávia Rodrigues, e a família, em Minas Gerais. Depois decidirá se irá entrar com um processo contra o Estado.

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