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Laudo comprova que ?santa da janela? não é milagre

Por Agencia Estado
Atualização:

Não se trata de milagre. A mancha existente no vidro da janela de uma das casas da Rua Antonio Bernardino Correa, em Ferraz de Vasconcelos, não é a imagem de Nossa Senhora - que ficou conhecida como "a santa da janela". Trata-se de um processo de corrosão do vidro devido à exposição inadequada a fatores ambientais, principalmente pela ação da umidade e da temperatura durante sua estocagem. A conclusão consta das 35 páginas dos laudos feitos pelos professores Colin Graham Rouse, consultor e especialista em vidros, e Edgard Dutra Zanotto, da Universidade Federal de São Carlos. A avaliação foi solicitada pela Cúria Diocesana de Mogi das Cruzes, que criou uma comissão. O vidro não foi retirado da janela e a análise foi feita no local. "Respeitou-se todas as exigências dos donos da casa e da população da região", explicou o padre José Eduardo Ferreira, pároco de Ferraz de Vasconcelos e integrante da comissão. Rouse diz em seu laudo que "o defeito visual ou mancha existente no vidro não pode ser visto de todos os ângulos da casa, nem à distância. A mancha foi provocada por uma combinação decorrentes de água da chuva, umidade e variação da temperatura, que levaram ao ataque químico do vidro". Segundo o professor, isso causa interferência das "ondas de luz refletidas, o que produz aparecimento das cores pela decomposição do arco-iris." O professor Zanotto é da mesma opinião. "Os vidros planos, como os usados em janelas, sendo do tipo solda-cal-sílica, sujeitos a intempéries sofrem ataques químicos que comumente produzem figuras geométricas arredondadas que lembram imagens sacras", afirmou. Romarias O vidro instalado há dois anos na janela da família Rosa, foi adquirido de uma demolição, onde ficou por muito tempo exposto às intempéries. Só no dia 14 de julho que a imagem foi observada, chamando a atenção da mídia e da população, que organizou romarias ao local. Em 15 dias, pelo menos 190 mil pessoas passaram pela casa da "santa na janela". Em nota à imprensa, o bispo diocesano de Mogi das Cruzes, Dom Paulo Mascarenhas Roxo, informou que "a igreja acolhe e agradece a pesquisa feita, e sua conclusão." Diz também que "o trabalho técnico-científico elaborado com seriedade, competência, sobre vários ângulos de análises, sem prevenções, merece crédito." A respeito das peregrinações que os fiéis continuam fazendo à casa, o padre Eduardo destacou que a igreja não vai proibir nem incentivar. Ele disse também que a igreja vai esclarecer aos fiéis que não se trata de um milagre.

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